Os primeiros metros cúbicos de concreto começam a ser jogados nesta sexta (17/07) na usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho. O consórcio construtor liderado pela Odebrecht e a concessionária Santo Antônio Energia estão trabalhando em ritmo acelerado para antecipar o início da geração para o fim de 2011, conforme o novo cronograma apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que analisa o pedido. Mas há ainda de se resolver o entrave dos investimentos nas linhas de transmissão do Madeira.
Para poder antecipar a geração, os consórcios que venceram o leilão de transmissão precisam também antecipar seus cronogramas. Como é do interesse do governo, o grupo de gerenciamento do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) entrou na negociação com os empreendedores das linhas e também terá papel importante para a liberação das licenças ambientais. Mas a negociação está em curso desde abril e até agora não obteve resultados.
Toda e qualquer antecipação de Santo Antônio beneficia diretamente os sócios, já que essa energia poderá ser vendida livremente e assim incrementa o retorno sobre o investimento. Além disso, os próprios fornecedores de equipamentos e a construtora terão um bônus nessa venda. Por este motivo, já existe até mesmo um estudo interno que avalia o uso de outra linhas de transmissão que passam por Porto Velho.
O início da concretagem marca uma etapa importante da construção da usina, que está em obras desde setembro do ano passado. O consumo total de concreto será de 3, 1 milhões de metros cúbicos e também 840 milhões de toneladas de cimento. Cimento suficiente para construir 34 estádios do Maracanã. Não foi à toa que a Votorantim construiu uma fábrica na região para atender as necessidades de Santo Antônio e também de Jirau. Para evitar imprevistos, o presidente da Santo Antônio Energia, Roberto Simões, diz que a obra vai manter um estoque de concreto suficiente para 15 dias de trabalho. Se houver atraso no fornecimento, é tempo suficiente para buscar o produto fora de Rondônia.
Cerca de 7% da obra de Santo Antônio está concluída e até agora R$ 2 bilhões em financiamentos já foram liberados pelo BNDES e o fundo de investimento do FGTS. No total, o valor dos investimentos chega a R$ 13 bilhões. Nesta fase, depois de vencido os problemas ambientais da usina de Jirau, Santo Antônio começa também a negociar a parceria para aproveitar sinergia dos dois empreendimentos.
(Por Josette Goulart, Valor Econômico, 17/07/2009)