No dia em que se anunciou a possibilidade de novas vítimas gaúchas, secretários e ministérios decidem agir conjuntamente
No dia em que foi anunciada a possibilidade de mais quatro pessoas terem morrido em função da gripe A no Rio Grande do Sul, os governos dos países do Cone Sul e os secretários de Saúde da Região Sul se reuniram para reforçar as ações de combate à expansão da doença. Em Passo Fundo, três pacientes internados com suspeitas de contrair a doença morreram. O quarto doente perdeu a vida em Santa Maria. Todos os casos estão sendo investigados e dependem de confirmação por exame.
Para tratar do ritmo com que a doença se expande, os secretários de Saúde da região Sul do país reuniram-se ontem em Porto Alegre. Os secretários da Saúde de Santa Catarina, Luiz Eduardo Cherem, do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, e do Paraná, Gilberto Martin, além de diretores das vigilâncias em saúde dos três Estados deram um passo importante: propor ao Ministério da Saúde que o Brasil unifique os protocolos da gripe A com Uruguai e Argentina.
A ideia é que os três países utilizem a mesma linguagem para tratar da doença e os mesmos conceitos de casos confirmados e suspeitos. De acordo com os governos da Região Sul, as diferenças nos chamados protocolos estão atrapalhando, por exemplo, as negociações para o reforço do controle da nova gripe nas fronteiras com os países vizinhos.
Países preocupados com a divisão da vacina
O grupo reunido ontem também vai pedir medidas ao Ministério Público para acelerar os exames laboratoriais. Além disso, vão pedir mais agilidade na distribuição do Tamiflu, antiviral utilizado no combate à gripe A. Quanto à demora dos exames, hoje realizados apenas em três laboratório – nenhum no Rio Grande do Sul –, os secretários anunciaram que os laboratórios dos três Estados podem realizá-los.
– Vamos continuar pleiteando a descentralização dos exames de laboratório e que o Ministério estabeleça critérios mais adequados para a Região Sul, sobre tipos de exame e critérios para a contagem de casos – afirmou Francisco Paz, coordenador do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul.
Os secretário da Saúde decidiram, ainda, desenvolver uma ação integrada visando à cobertura de todos os postos de fronteira e apresentar uma proposta de unificação dos protocolos a ser encaminhados aos ministros de Saúde da Argentina, do Uruguai e do Paraguai.
No encontro em Buenos Aires, representantes dos ministérios da Saúde do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai avaliaram o que é possível fazer para conter a proliferação do vírus. O ministro da Saúde da Argentina, Juan Manzur, disse que existe preocupação entre os países da região sobre as chances de contar com uma vacina nos próximos tempos, já que grande parte da produção da vacina já está “comprometida”, em alusão à venda da substância aos países do Hemisfério Norte.
O representante brasileiro do encontro, Eduardo Hage, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, garantiu – apesar do aparecimento de novos casos fatais – que a gripe A não deve se espalhar no Brasil da mesma forma com que evoluiu na Argentina. Com 137 vítimas, a Argentina já é o segundo país com o maior número de mortos por gripe A, perdendo apenas para os Estados Unidos.
(Zero Hora, 16/07/2009)