A Odebrecht Óleo e Gás anunciou a descoberta de petróleo leve em águas profundas do litoral de Angola, na África, no bloco 16, explorado conjuntamente com outras companhias petrolíferas. Segundo a empresa, o poço de Chissonga-1 alcançou profundidade de 4.725 metros em lâmina d'água de 1.230 metros. Nos testes de produção de curta duração concluídos no início desta semana, foi identificada a vazão de 6.850 barris de óleo por dia e densidade de 36 graus API. Quanto maior a escala, melhor a qualidade do produto, segundo o índice criado pelo American Petroleum Institute.
"É um tipo de óleo com ótima qualidade, melhor do que o Brent", disse o presidente da Odebrecht Óleo e Gás, Miguel Gradin, que também é acionista do grupo Odebrecht. A densidade da primeira carga de petróleo, extraída das reservas de Tupi, na bacia de Santos, e refinada pela Petrobras em junho era de 28,5 graus de API.
A Odebrecht informou que continuará realizando testes no poço descoberto. Três outros poços serão explorados no mesmo bloco. Nesta etapa, a Odebrecht prevê investir US$ 90 milhões no programa exploratório de Angola. "O programa de investimentos a partir daí vai depender dos resultados encontrados." O bloco 16, que compreende uma área de 4.900 quilômetros quadrados no litoral de Angola, faz vizinhança com outros blocos onde inúmeras empresas petrolíferas já encontraram e exploram o óleo. O bloco é operado pela dinamarquesa Maersk Oil, que possui participação de 50%. A estatal angolana Sonangol (20%), a petrolífera americana Devon Energy (15%) e a Odebrecht (15%) completam a sociedade.
"A descoberta marca a retomada da Odebrecht no setor de exploração e produção de petróleo", disse Gradin. A Odebrecht Óleo e Gás foi criada, com outra denominação, há 30 anos e operou campos de petróleo até o início desta década. Com a crise causada com a forte desvalorização do real, que se abateu sobre a Odebrecht no início da década, o grupo decidiu concentrar seus negócios nas áreas petroquímicas e de construção. Mesmo com a venda de ativos de exploração e produção de petróleo em 2002, a Odebrecht manteve sua participação em Angola, que havia sido adquirida um ano antes.
"Estamos prospectando oportunidades de exploração e produção nos outros países onde atuamos", disse Gradin, indicando a presença da Odebrecht na Líbia, Libéria, Moçambique, Emirados Árabes, Venezuela e Peru. Segundo Gradin, a Odebrecht Óleo e Gás, que também atua no segmento de operação de plataformas e prestação de serviços, deve faturar US$ 150 milhões neste ano, prevendo elevar seu faturamento para US$ 600 milhões em 2011.
(Por André Vieira, Valor Econômico, 16/07/2009)