A diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) disse acreditar que a vacina contra a gripe suína ainda vai demorar alguns meses para chegar, embora empresas farmacêuticas tenham anunciado que conseguiram criar medicamentos para combater o vírus Influenza A (H1N1), causador da doença. Em entrevista ao jornal "The Guardian", Margaret Chan afirmou que isso ocorre porque ainda não há garantias de que essas primeiras doses sejam seguras. "Não há uma vacina. Ela deveria estar disponível em breve. Mas ter uma vacina disponível não é a mesma coisa do que ter uma que tenha resultados seguros", explicou. "Os dados dos testes não estarão disponíveis antes de dois ou três meses."
A diretora de vacinas da OMS, Marie-Paule Kieny, afirmou nesta segunda-feira (13/07) que a pandemia não pode ser contida e que, por isso, todos os países precisam da vacina contra o novo vírus. Atualmente, grandes laboratórios europeus e americanos trabalham no desenvolvimento da vacina. No mês passado, a farmacêutica Baxter, autorizada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMEA, na sigla em inglês) a produzir um protótipo do medicamento, confirmou que terminou os testes e já está começando a produção.
Dias antes, a empresa farmacêutica Novartis informou ter produzido com sucesso o primeiro lote de uma vacina contra a gripe suína, que será utilizado para a avaliação pré-clínica e testes --que começam a ser realizados neste mês. Nenhum dos dois apontou para uma eventual distribuição gratuita dos medicamentos.
Antivirais
A boa notícia é que o vírus causador da gripe suína é vulnerável a drogas antivirais já existentes, como o Tamiflu e o Relenza. Os resultados da pesquisa foram divulgados pela revista "Nature" --veja a pesquisa no site (em inglês).
O primeiro estudo detalhado caracterizando a ação do vírus em proveta e em modelos animais, feito por uma equipe de 52 pesquisadores do Japão e dos EUA, mostrou que o novo vírus é capaz de infectar células profundamente nos pulmões, o que aumenta o risco de pneumonia e de morte. O estudo sugere que, apesar dos potenciais danos que pode causar ao sistema respiratório, a gripe suína produz, na maioria dos casos, apenas sintomas leves e o vírus ainda é sensível aos antivirais.
Mortes no Brasil
A Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou na noite desta terça-feira (14) a segunda morte em consequência da gripe suína. É a quarta no país --outras duas foram registradas no Rio Grande do Sul. Em nota, a secretaria informou que a vítima é um homem de 28 anos, que morreu no último dia 10 no Hospital de Clínicas de Botucatu (238 km de São Paulo). Ele começou a apresentar os sintomas --febre, dor de cabeça, náusea, vômito, tosse e congestão nasal-- no dia 1 de julho. De acordo com a Secretaria da Saúde, uma investigação preliminar aponta que o paciente teve contato com argentinos e chilenos que estavam no Brasil. De acordo com o último boletim do ministério, o Brasil tem 1.027 casos confirmados da doença. São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são os Estados com maior número de pessoas contaminadas.
A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 38ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal. Para diagnosticar a infecção, uma amostra respiratória precisa ser coletada nos quatro ou cinco primeiros dias da doença, quando a pessoa infectada espalha vírus, e examinadas em laboratório.
(Folha Online, 15/07/2009)