Siemens, Munich Re e dez outra empresas assinaram um acordo preliminar para um projeto de exploração de energia solar no deserto do Saara, com o objetivo de exportá-la para a Europa. O plano, incluindo o transporte de energia do Saara através do mar Mediterrâneo até a Europa, deve levar três anos para ser desenvolvido e adaptado às leis alemãs, disseram as empresas. Não há previsão entretanto de quando ele começará a ser executado.
A Siemens, a maior empresa de engenharia alemã, tentará provar nesse meio tempo que o projeto de € 555 bilhões, chamado de Desertec, valerá o investimento e conseguirá suprir, até a metade do século, 15% das necessidades de energia elétrica da Europa com o uso do sol. Os gastos na instalação do projeto podem ajudar a impulsionar o crescimento na Argélia e no Marrocos, assim como criar 2 milhões de empregos, disseram os projetistas do Desertec.
Segundo a Siemens, os parceiros estão considerando a instalação de sistemas termais solares que aquecem um fluido por meio da concentração dos raios solares em um tubo. O líquido então produz vapor que aciona turbina. O maior projeto de sistema solar-termal do mundo está no deserto de Mojave, na Califórnia.
A exploração de energia solar no norte da África e no Oriente Médio "pode fazer uma contribuição significativa para o fornecimento sustentável de energia", disse o executivo-chefe de do setor de energias renováveis da Siemens, Rene Umlauft. "Estamos indo atrás de um plano visionário", disse Torsten Jeworrek, membro do conselho de administração da Munich Re. "Se ele for um sucesso, poderemos dar uma grande contribuição ao combate às mudanças climáticas."
A E.ON "está convencida de que o futuro depende da energia solar", disse Herve Touati, diretor da unidade de clima e energias renováveis da companhia. Nove das 12 empresas que fazem parte do projeto são alemãs.
Entretanto há céticos em relação à sua factibilidade. "É uma fantasia pensar que levaremos energia do Saara para a Alemanha", disse Fritz Vahrenholt, chefe de energia renovável da RWE, em Berlim. Os planos se baseiam em estudos científicos do centro aeroespacial alemão DLR, que foram financiados pela RWE e por outras empresas, disse Vahrenholt. O projeto requer que caríssimas linhas de alta voltagem levem energia desde áreas pouco habitadas do norte africano até a Europa, passando por debaixo do Mar Mediterrâneo.
(Bloomberg / Valor Econômico, 14/07/2009)