Os projetos de energia eólica poderão render R$ 9 bilhões em investimentos ao Rio Grande do Norte nos próximos anos e gerar milhares de empregos na fase de implantação, em áreas do Litoral Norte, do Mato Grande e do Seridó. A velocidade do vento que sopra no estado, as perspectivas de melhorias para a infraestrutura de escoamento da produção e os terrenos disponíveis para a montagem dos parques têm atraído cada vez mais investidores e aumentado o apetite de gigantes, como a australiana Pacific Hydro. A companhia pretendia implantar dois parques em Touros, mas já esboça dois novos projetos para Galinhos, a 166km de Natal. A previsão é desembolsar R$ 1,3 bilhão para concretizar os planos. A cifra não deve, porém, parar por aí, considerando que a empresa tem mais áreas e projetos na mira.
“Estamos assinando contratos de arrendamento em Grossos e fazendo prospecções também em Serra de Santana”, diz o gerente de Desenvolvimento, responsável por todos os projetos eólicos da Pacific no Brasil, Maurício Vieira. Cerca de 47 projetos para geração de energia eólica no Rio Grande do Norte estão atualmente listados no cadastro de investimentos, mantido pelo governo do estado. Além da Pacific Hydro, fazem parte da lista nomes de peso como Petrobras, Bioenergy e Endesa, espanhola que controla a Coelce, distribuidora de energia no Ceará.
Procurada pela reportagem, a empresa disse, por meio da assessoria de imprensa, que passou por mudança de controlador na Espanha e que, está, portanto, em período de silêncio, sem possibilidade de conceder entrevista. A companhia já havia anunciado que a intenção é desenvolver 100 Mega Watts (MW) no RN, em projetos próprios, num horizonte de cinco anos. Os projetos poderiam somar R$ 500 milhões e operar em parceria com outros investidores.
No caso da Pacific Hydro, R$ 700 milhões poderão ser investidos apenas nos dois parques projetados para Touros, batizados Paraíso Azul e Paraíso Farol. Os parques teriam capacidade para produzir 140MW de energia, o suficiente para abastecer 560 mil residências. “Os projetos já obtiveram as licenças ambientais e estão em estágio avançado de desenvolvimento, aguardando apenas o sucesso do leilão de novembro para o início das obras”, continua Vieira,s e referindo ao primeiro leilão brasileiro exclusivo para energia eólica. Por garantir contrato de compra com o governo federal e preço mínimo para a energia, o leilão será determinante para que os projetos previstos para o estado saiam do papel ou não.
Os projetos que não saírem vencedores não deverão, no entanto, ser engavetados de vez. A perspectiva do Estado, pelo menos, é que o governo federal estabeleça um calendário anual de leilões, o que daria fôlego para que os investidores mantenham e até robusteçam seus projetos.
“Precisamos ter um horizonte de longo prazo, pelo menos cinco anos de leilões garantidos. Só assim para podermos desenvolver o mercado local de prestação de serviços e de fornecedores”, observa o secretário estadual de Energia e Assuntos Internacionais, Jean-Paul Prates, acrescentando que o governo federal já sinalizou que o calendário será feito, mas não deu prazo para tanto.
(Tribuna do Norte / PortoGente, 13/07/2009)