As obras da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, foram paralisadas nesta segunda (13/07) em função de um protesto dos moradores da Floresta Nacional do Bom Futuro. O protesto é contra o Ibama, que estaria aplicando multas a agricultores da região, mas nas entrelinhas da nova paralisação está mais uma vez a questão da licença ambiental da usina. A floresta foi ativo de troca para que o governo estadual concedesse seu aval ao licenciamento.
As obras da usina já chegaram a ficar paradas no fim do mês de maio justamente porque não se chegava a uma acordo com o governo estadual. Por fim, além de a concessionária Energia Sustentável se comprometer a uma série de compensações financeiras, também ficou determinada a troca da floresta Bom Futuro pela do Rio Vermelho, que está em terras estaduais e será inundada por parte do reservatórios de Jirau. O objetivo da troca era evitar que Ministério do Meio Ambiente levasse adiante a determinação da retirada de todos os moradores da floresta nacional.
O secretário estadual de desenvolvimento ambiental de Rondônia, Cletho Muniz de Brito, disse que o Ibama não está reconhecendo o acordo feito entre o governo de Rondônia, a concessionária Energia Sustentável do Brasil e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. "Há um clima de animosidade", afirmou o secretário. Para ele, o governo estadual concorda que "não se deve deixar sair uma tora de madeira de lá", mas protesta contra o fato de que a fiscalização do Ibama estar multando em até R$ 1 milhão os agricultores com 50 hectares de plantações e fixados na Floresta Nacional Bom Futuro há anos.
Segundo a assessoria de imprensa da Energia Sustentável, a obra foi paralisada e o alimento aos 800 trabalhadores que estão no canteiro de obras teve de ser levado pelo rio. "Não há ainda uma estimativa do prejuízo causado pela manifestação", disse na nota a assessoria. O Ibama foi procurado, mas não se manifestou.
(Por Josette Goulart e Daniel Rittner, Valor Econômico, 14/07/2009)