A Grã Bretanha precisa construir mais reatores nucleares e usinas de carvão limpo, dando menos ênfase para a energia eólica, se quiser assegurar um futuro com baixas emissões de carbono, alega a Confederação das Indústrias Britânicas (CBI), um grupo de lobby empresarial, em um relatório lançado nesta segunda-feira (13/07).
As atuais políticas governamentais estão tornando as metas de segurança energética e mudanças climáticas difíceis de serem alcançadas, pois uma ênfase na energia eólica levará a queda de investimentos em outras formas de geração de eletricidade com baixas emissões de carbono, disse o grupo. “Grandes fatias da nossa infra-estrutura energética precisam urgentemente ser substituídas”, declarou o vice-diretor geral da CBI, John Cridland. “Apesar de termos subsídios generosos para a energia eólica, precisamos urgentemente do planejamento nacional para a construção de novas usinas nucleares. Se continuarmos assim, colocaremos muitos ovos na mesma cesta”.
O grupo empresarial alertou que se as suas recomendações não forem seguidas, a geração de energia seria dependente das usinas movidas a gás e prevê que apenas 64% da energia britânica seria gerada por métodos com baixas emissões em 2030. Isto ficaria abaixo da meta de 78% recomendada pelo comitê sobre mudanças climáticas, um órgão independente que presta consultoria para o governo britânico.
A CBI alega que o seu plano resultaria em 83% da energia britânica sendo proveniente de fontes com baixas emissões. Cerca de um terço da eletricidade viria de usinas nucleares enquanto as usinas a carvão com a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) gerariam outros 14%, declarou a CBI. O restante da geração com baixas emissões viria de fazendas eólicas e outras fontes renováveis, como a maré, enquanto o gás e o carvão convencional completariam o mix energético, descreve o relatório. Para alcançar a meta, a energia eólica cairia da atual meta de 32% para 2020, para 25% da geração total, explica o grupo, adicionando que até junho de 2010 o financiamento do CCS precisaria estar esclarecido.
Conseguir que os consumidores e as empresas usem a energia de forma mais eficiente também auxiliaria na redução da demanda total por energia e contribuiria para melhorar a meta de corte de 11% até 2020 para 20%. O grupo ambientalista Greenpeace criticou o relatório, dizendo que seria um erro dispensar a energia eólica em um país com recursos e vontade de utilizar fontes de energia renovável. “Temos na Grã Bretanha uma das melhores fontes de energia renovável do mundo e um setor manufatureiro lutando para conseguir liderar no setor de tecnologias marinhas, como a eólica em alto mar e a energia de maré”, disse o diretor executivo do Greenpeace, John Sauven.
Mas diversas empresas grandes do setor energético felicitaram o relatório, alegando que oferece uma análise independente da política energética e não representava uma recomendação para substituir a energia eólica por nuclear. “Desafia algumas idéias ortodoxas a cerca das metas renováveis”, comentou o chefe-executivo da National Grid, Steve Holliday.
Um outro relatório publicado pela consultoria Poyry no início do mês alertou contra a dependência da energia eólica, alegando que padrões climáticos imprevisíveis podem resultar em picos de preços e ameaçar os investimentos na geração de energia de apoio. As conclusões da CBI foram publicadas dois dias antes do governo lançar um relatório governamental delineando como a Grã Bretanha pretende alcançar as suas metas relacionadas ao carbono de reduzir as emissões em 34% até 2020 e no mínimo em 80% até 2050.
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(Por Kwok W. Wan, com tradução de Fernanda B. Muller, Reuters / CarbonoBrasil, 13/07/2009)