A divisão de água engarrafada da Nestlé pretende realizar aquisições nos mercados emergentes para ajudar a por fim a uma queda que fez dela a unidade de pior desempenho em vendas da gigante alimentícia da Suíça. A informação foi dada na sexta-feira (10/07) pelo vice-presidente executivo John Harris. Em entrevista à Reuters, após a inauguração de uma fábrica perto de Lisboa, Harris disse que a Nestlé Waters, que responde por cerca de 10% das vendas totais do grupo, está se concentrando em mercados emergentes como o Brasil, depois de problemas recentes na Europa e América do Norte.
A Nestlé controla 19% do mercado mundial de água engarrafada, seguida da Coca-Cola com 9%, e registrou vendas totais de aproximadamente € 6 bilhões (US$ 8,4 bilhões) em 2008, em 37 países, com marcas como Vittel, San Pellegrino e Perrier. Mas a redução do consumo por causa da crise econômica, a alta dos custos dos combustíveis e as preocupações ambientais vêm tendo um grande impacto sobre a divisão. Ela sofreu uma queda orgânica nas vendas de 2,5% no primeiro trimestre, enquanto todas as outras divisões do grupo suíço registraram crescimento.
Harris, que comanda a divisão de águas, disse que os mercados emergentes vêm sendo os motores do crescimento da divisão, apesar da crise econômica. "Continuaremos a procura de motivadores nos mercados emergentes. Ainda estamos em busca de aquisições em alguns mercados e estamos tentando ampliar organicamente nossa participação nesses mercados também", disse ele.
A Nestlé adquiriu uma fonte e uma unidade de engarrafamento no Brasil no fim do ano passado e o presidente da Nestlé no Brasil (Ivan Zurita) disse em junho que a empresa está negociando pelos menos outras duas aquisições. "Identificamos o Brasil como uma importante oportunidade de crescimento e estamos desenvolvendo nossos negócios lá", disse Harris.
Afirmou que a estratégia para os mercados emergentes poderá incluir desinvestimentos . Na Rússia, por exemplo, a Nestlé vendeu sua engarrafadora Saint Spring em abril. "Vendemos esse negócio na Rússia e, sim, identificamos mercados nos quais vamos nos concentrar", disse Harris. "Nosso objetivo é ser a número 1 ou número 2 em todos os mercados e quando ficar claro que não poderemos conseguir isso, vamos desinvestir".
(Por Shrikesh Laxmidas, com tradução de Mario Zamariam, Reuters / Valor Econômico, 13/07/2009)