Durou pouco a trégua entre governo paraguaio e agricultores por conta da emissão de um decreto presidencial que estabelece novas regras para o uso de defensivos agrícolas e produtos ambientalmente prejudiciais nas lavouras, em especial, nas áreas de monocultivo. O descumprimento da promessa feita pelo presidente Fernando Lugo, de que revogaria o Decreto nº 1.937/09, fez com que a Coordenadoria Agrícola do Paraguai (CAP) decidisse, na última segunda-feira (06/07), pela manutenção do “tratoraço” que deve reunir até 200 mil produtores às margens das rodovias do país.
De acordo com informações do jornal La Nación, a decisão foi anunciada na localidade de Edelira, região sul do Paraguai. A nova data para o movimento, previsto, inicialmente, para o mês de junho, será o dia 10/08, com o governo contando com prazo de 30 dias para adotar providências sobre o tema.
O “tratoraço” conta com o apoio de entidades como a União dos Grêmios da Produção (UGP) e a Associação Rural do Paraguai (ARP), e, se realizado na data agendada, será o segundo protesto do gênero enfrentado pelo presidente Lugo desde que assumiu o cargo, em agosto de 2008.
Repressão policial
A violenta repressão policial a camponeses acampados às margens da Ruta VII, em Caaguazú, ocorrida no último domingo (05), continua rendendo polêmica na imprensa e no cenário político paraguaio. Na ocasião, 51 camponeses foram presos e 20 ficaram feridos durante confronto com agentes da Polícia Nacional.
O objetivo da ação policial era realizar uma vistoria no acampamento, em busca dos supostos assassinos de um comerciante. A resistência dos líderes camponeses, no entanto, desatou o conflito e gerou uma nova saia-justa para o ministro do Interior, Rafael Filizzola, que anunciou abertura de investigações sobre o caso.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 09/07/2009)