O Estado de São Paulo concentra o maior número de espécies de peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção no Brasil, indica um levantamento divulgado nesta sexta (10/07) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Das 238 espécies nessa situação, 86 vivem no Estado. A poluição dos rios e a ocupação das áreas ribeirinhas pelo homem, destruindo o habitat aquático, são os fatores que mais ameaçam os peixes. Os dados divulgados ontem completam o mapeamento dos 632 animais ameaçados de extinção. Répteis, anfíbios, mamíferos e invertebrados terrestres já tinham sido mapeados.
O levantamento do IBGE foi feito a partir de dados do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) compilados em 2004, e considera cinco diferentes graus de risco. O objetivo do IBGE ao fazer esse mapeamento é incentivar projetos para preservar a biodiversidade. "Visualizando onde esses animais estão, fica mais fácil tomar iniciativas para preservá-los", afirma Lícia Leone Couto, coordenadora de Recursos Naturais do IBGE.
O primeiro mapa, lançado em 2006, listou aves ameaçadas de extinção, em 2007 foi a vez dos mamíferos, répteis e anfíbios. E em 2008, as espécies de insetos e invertebrados terrestres foram mapeadas. Dos 632 animais sob risco de extinção no Brasil, a maioria são animais aquáticos (238). O grupo reúne peixes que variam de lambaris a tubarões, incluindo bagres e cações. Entre os invertebrados, há espécies de ostras, corais, lagostas e estrelas-do-mar, entre outros.
O risco de extinção ocorre por três fatores, segundo Couto. "O homem ocupou as faixas costeiras do Brasil, causando a destruição dos habitats naturais dessas espécies. Além disso, a poluição das águas e a pesca --seja para consumo, esportiva ou ornamental- também contribuem para o fim das espécies aquáticas."
Segundo a bióloga Mônica Brick Peres, do Instituto Chico Mendes, a lista de animais ameaçados de extinção está crescendo mais acentuadamente por causa das espécies aquáticas. "Existem cerca de 30 mil espécies de vertebrados aquáticos no mundo, e só 4% já foi pesquisado. Dessa quantia, 39% correm risco de desaparecer", conta a bióloga. É o maior índice --entre os anfíbios pesquisados esse índice é de 31%; entre os répteis, 30%, mamíferos, 22% e aves, 12%.
Segundo a bióloga, muitas espécies somem sem que nem tenham sido estudadas. "Conforme aumenta o número de [animais] pesquisados deve crescer também a quantia daqueles sob risco de extinção", diz. Segundo Couto, o bioma brasileiro que mais concentra peixes e invertebrados aquáticos sob risco é a mata atlântica. Os Estados que concentram o maior número de espécies ameaçadas são aqueles onde houve maior degradação desse tipo de ambiente, diz a bióloga.
(Por Fábio Grellet, Folha Online, 11/07/2009)