O governo dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira (09/07) que está se desenvolvendo no oceano Pacífico um padrão de clima do temível El Niño, deixando em alerta países da Ásia às Américas para possível devastação de lavouras, infraestrutura, portos e minas. O fenômeno, causado pelo aquecimento das águas no Pacífico, já provocou seca na Austrália e atrasou as monções na Índia. Seu impacto poderá ser sentido na América Latina e na América do Norte no outono do hemisfério norte.
O Centro de Previsões Climáticas, um escritório sob o controle da Administração Nacional da Atmosfera Oceânica dos EUA, afirmou em um relatório mensal nesta quinta-feira que o oceano Pacífico na região equatorial "passou para as condições do El Niño". As tendências são de um "El Niño de fraco a moderado" para o inverno do hemisfério norte em 2009, "com a possibilidade de maior fortalecimento depois."
O fenômeno foi verificado pela primeira vez por pescadores de anchovas no século 19 e os cientistas dizem que tende a aparecer em ciclos de três a cinco anos. O El Niño de 1997/98 matou mais de 2.000 pessoas e causou bilhões de dólares em prejuízos. Este El Niño está atacando justo quando os países lutam para superar o impacto da pior crise financeira desde a Grande Depressão, em 1929.
O Bureau de Meteorologia da Austrália afirmou em um relatório na quarta-feira (08) que há muito "pouca chance de o desenvolvimento atual (do El Niño) não ir adiante ou se reverter." "Não parece fraco, mas também não parece que vai atingir os níveis de 1997/98", disse Andrew Watkins, do bureau, em Sydney.
Uma seca provocada pelo El Niño representaria um grande risco para a produção australiana de trigo, afetaria a produção de óleo de palmeira de grandes produtores da Malásia e Indonésia e atingiria a plantação de arroz das Filipinas. A principal fonte de preocupação para os negociadores de commodities é a Índia, onde o El Niño parece ter contribuído para que a estação chuvosa das monções seja mais fraca do que o normal. Essas chuvas são essenciais para a vasta agricultura do país. Apesar de as chuvas agora cobrirem toda a Índia, o Departamento Meteorológico do país diz que, considerando o período a partir de 1o de julho, as chuvas estão 29 por cento abaixo do normal.
(Por Rene Pastor, Reuters Brasil, 09/07/2009)