Uma greve de 72 horas foi convocada na última terça-feira (07/07) por sindicatos e organizações sociais do Peru contra a política econômica do governo de Alan García. As informações são da Agência Brasil de Fato. De acordo com o veículo, a manifestação teve grande adesão nas regiões centrais e sul do país e levou o presidente a adiantar para esta semana a renovação de seu gabinete, prevista somente para 28 de julho.
Até o dia 10, outras regiões do país deverão se somar às greves e atividades, com cortes de rodovias, marchas e protestos. A jornada foi convocada pela Frente Nacional pela Vida e Soberania, um coletivo que reúne a Confederação Camponesa do Peru, a Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), o Sindicato Unitário de Trabalhadores da Educação e a Confederação Nacional de Comunidades do Peru Afetadas pela Mineração. Também fazem parte a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), responsável pelas mobilizações indígenas, a União de Frentes Regionais do Peru, o Partido Nacionalista e o Partido Comunista-Pátria Vermelha.
Quinta (09), as manifestações se concentraram nas cidades sulinas de Puno, Ayacucho, Apurímac e Huancavelica, regiões andinas onde a candidatura de García não conseguiu maioria nos comícios presidenciais de 2006. O poder Executivo declarou que a greve é um fracasso e ofereceu 20 soles (6,6 dólares) aos funcionários para que voltassem ao trabalho.
As autoridades também lançaram uma intensa campanha midiática para convencer o povo peruano de que supostas organizações terroristas estariam por trás da jornada. Porém, uma sondagem publicada pelo Instituto de Opinião Pública da Pontifícia Universidade Católica do Peru, no último dia 06, indicou queda de 11 pontos percentuais indica no nível de aprovação da gestão presidencial após conflitos violentos entre políciais e indígenas, no dia 05 de junho, que resultaram na morte de ao menos 50 manifestantes e no desaparecimento de outras centenas deles, em Bagua, província amazônica no norte do país.
Os indígenas, há dois meses, ocupavam rodovias e instalações de empresas de petróleo em protesto contra decretos legislativos que consideravam lesivos a seus direitos e territórios. De acordo com informações do dirigente da Coordenação Andina de Organizações Indígenas (Caoi), Miguel Palacín, divulgadas pela Brasil de Fato, a luta pretende que sejam revogadas as leis aprovadas em junho do ano passado para preparar o país para um Tratado de Livre Comercio (TLC) com os Estados Unidos.
Dois desses decretos foram anulados no mês passado pelo parlamento, após os conflitos de Bagua, e outros tiveram o mesmo destino em 2008. Outras exigências dos manifestantes, segundo Palacín, são a mudança do atual modelo econômico que se apropria dos recursos pertencentes a comunidades indígenas e o rechaço à política de criminalização dos protestos sociais. De acordo com a Brasil de Fato, o ministro do Trabalho peruano, Jorge Villasante, reconhece dificuldades em algumas regiões, mas diz que o protesto é rechaçado pelos trabalhadores que teriam preferido ir ao trabalho. Já a ministra do Interior, Mercedes Cabanillas, disse que nas mobilizações populares há infiltrações de setores ligados ao presidente venezuelano Hugo Chávez.
O Ministério da Defesa autorizou as Forças Armadas a darem apoio à polícia, caso isso seja preciso como forma de conter as manifestações ou forçar o desbloqueio de vias, já que a interrupção de tráfego é um delito previsto no código penal do país.
(Amazonia.org.br, 09/07/2009)