Apesar do impasse, o presidente dos Estados Unidos disse, durante um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda acredita num acordo até o fim do ano, quando acontecerá a reunião de cúpula da ONU sobre o clima, na Dinamarca, na qual o mundo vai buscar um acordo para suceder o Protocolo de Kioto, que expira em 2012.
Segundo relatos da conversa reservada entre os dois líderes, Obama disse a Lula que ainda há tempo para que as divergências entre os países ricos e em desenvolvimento sejam resolvidas antes da reunião de Copenhague. Para Obama, Brasil e EUA têm condições de liderar as discussões e a busca por uma alternativa que permita ao mundo chegar a um acordo para conter o aquecimento global. As ambições de Obama, porém, podem encontrar um obstáculo em seu próprio país.
Em Washington, uma comissão especial para as questões climáticas suspendeu seus trabalhos até o fim do recesso do Congresso americano, em setembro, aumentando as dúvidas sobre a capacidade de o presidente americano chegar a Copenhague com uma proposta concreta sobre redução de emissões. Para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a reunião do G-8 não apresentou avanços suficientes na questão climática. "Essa é uma questão imperativa, politicamente e moralmente, e de responsabilidade histórica para o futuro da Humanidade." Analistas acreditam que só restam dois eventos em que esses impasses poderão ser solucionados antes de Copenhague: um encontro na sede da ONU, em Nova York, e uma reunião do G-20 em Pittsburgh, ambos em setembro.
Ontem, um comunicado escrito por 25 cientistas eminentes — entre eles, o vencedor do prêmio Nobel de Química Mario Molina, descobridor do buraco de ozônio — cobrou dos integrantes do G-8 medidas concretas contra o aquecimento global e ações imediatas para a transição rumo a uma economia menos poluente. “Ainda temos uma pequena janela de oportunidades para agirmos, mas ela vai se fechar em breve”, disseram os cientistas.
No Brasil, o Greenpeace emitiu um comunicado no qual critica a posição do presidente brasileiro em Áquila. A ONG afirma que os integrantes do G-5 seguiram o caminho de seus colegas do G-8, e optaram por abdicar do papel de liderar o enfrentamento da crise climática. “Ao não se comprometerem com metas de redução e com números para encarar a crise do clima, os governantes dos países em desenvolvimento, incluindo o presidente brasileiro, mostram que preferem virar parte do problema, em vez da solução
(O Globo / IHUnisinos, 10/07/2009)