“A Alcântara Cyclone Space vai ficar dentro da área do CLA, pois essa área é suficiente para a realização de nossas atividades. Nós queremos trabalhar em harmonia com os quilombolas e com toda a sociedade de Alcântara e Maranhão”. A declaração é do presidente da parte brasileira da empresa binacional Alcantara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, nesta terça (07/07), em entrevista exclusiva a O Estado. A afirmação contraria as recentes declarações do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, sobre a possível perda de importância do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para atividades espaciais em decorrência dos impasses com as comunidades quilombolas.
No meio do impasse entre Governo Federal e quilombolas, encontra-se a empresa Alcântara Cyclone Space, empresa binacional criada a partir de um acordo de cooperação técnica entre Brasil e Ucrânia, e cujo projeto original previa a sua instalação na área ocupada pelas comunidades de Mamuna, Baracatatiua e Brito. Diante do impasse, e para não atrasar o primeiro lançamento, previsto para 2010, a ACS recuou e, mediante um acordo judicial, firmado em novembro do ano passado, garantiu que não irá utilizar área fora do CLA.
De acordo com Roberto Amaral, nada interferiu, apesar da mudança, nos planos de ação do empreendimento binacional. “Da parte da Alcântara Cyclone Space, posso dizer que iremos permanecer onde estamos. Não iremos afetar a área quilombola e o Governo Federal tem que respeitar a decisão judicial. Para nós, é fundamental o entendimento com os quilombolas e com toda a sociedade do Maranhão, processo que está muito adiantado a partir de diálogos, reuniões com líderes comunitários, representantes do governo. Nada irá mudar a nossa decisão”, afirmou.
Atividades
A Alcântara Cyclone Space se prepara para inaugurar no município um escritório provisório, onde também funcionará um centro social e cultural. O prédio já foi cedido pela Prefeitura de Alcântara e dentro de 15 dias deverá começar a funcionar.
Segundo Amaral, essa iniciativa deverá aproximar ainda mais os interesses da empresa com a comunidade quanto às atividades espaciais. O presidente garante que a primeira atividade da empresa ocorrerá no próximo ano com o lançamento do foguete ucraniano Ciclone 4. Em 2011, deverá ser iniciada a exploração comercial do CLA para atividades espaciais em parceria com vários países. “A partir de 2011, nossa intenção é fazer seis lançamentos por ano e já estamos negociando com outros países, mas não podemos revelar os nomes, uma vez que mercado espacial é muito concorrido. Seria um tiro no pé”, informou.
Ainda de acordo com Roberto Amaral, a parceria com a comunidade de Alcântara é fundamental para o andamento do projeto e, também, para o crescimento social e econômico do município. A partir de um convênio com o Ministério do Trabalho, serão realizadas oficinas de qualificação da mão-de-obra local em várias áreas de atuação, sem contar com os recursos indiretos, ou seja, os investimentos que as operações da Alcântara Cyclone Space trarão para o município.
(Por Bruna Castelo Branco, O Estado-MA / Fórum Carajás, 08/07/2009)