A cúpula do G8 acabou sem decisão clara sobre como será o acordo global do clima, mas países emergentes como Brasil, China e Índia viverão agora sob mais pressão para assumir metas em um futuro plano de corte de emissão de gases-estufa. Essa é a leitura feita pelo físico Luiz Gylvan Meira Filho, do Instituto de Estudos Avançados da USP, especialista em mudança climática. Com os países mais industrializados concordando em adotar uma meta de cortes de 80% até 2050, "a bola voltou quadrada para o colo dos emergentes", diz Meira.
Na opinião do cientista, que foi vice-presidente do IPCC (o painel do clima da ONU), as nações mais pobres, agora, não podem "se esconder atrás dos EUA", sendo o atual governo americano mais aberto a cortar emissões do que o anterior. Nas contas de Meira, se os países industrializados de fato reduzirem em 80% suas emissões, um acordo global de 60% de corte pode ser atingido, bastando os países emergentes estabilizarem suas emissões, sem cortá-las. Isso seria suficiente para impedir que a temperatura global subisse mais de 2C. "É bom para o Brasil", diz o cientista. Mas não está claro se a China, um país energizado a carvão, pode ter crescimento econômico sem ampliar emissões. (RG)
(Folha de S. Paulo, 09/07/2009)