A greve andino-amazônica no Perú segue até quinta (09/07) com mobilizações e paralisações em diversas regiões do país. Quarta (08), a atividade central da greve acontece na Praça Dois de Maio, em Lima, onde as organizações participantes da greve realizam um comício. Terça (07), várias regiões do país aderiram à iniciativa.
Neste segundo dia de mobilização, as entidades avaliaram que foram inúteis os esforços do Governo para desmobilizar a greve, já que hoje novas regiões se somaram à atividade de protesto. "O governo aprista desatou, em dias prévios, uma campanha midiática contra a Greve e incentivou a perseguição a dirigentes populares. Desde ontem, militarizou diversas cidades em atitude repressiva e provocadora. Nada disso desanimou nossos povos que paralisaram a maior parte do país", afirmaram em comunicado.
Segundo balanço do Movimento da Cúpula dos Povos (MCP), divulgado ontem, no primeiro dia de greve, várias regiões do Peru desenvolveram atividades de apoio, como paralisações , marchas e fechamento de estradas. "Em Arequipa, a greve foi total", afirma. As ações também ocorreram em Joya - onde os manifestantes foram reprimidos pela polícia e um homem ficou ferido -, Puno, Ayacicho, Huaraz, Cusco e Huancavelica.
As ações são coordenadas pela Frente Nacional pela Luta e pela Soberania, composta pelas principais organizações sociais, indígenas, camponesas, sindicais, e partidos políticos de esquerda da nação andina. Os manifestantes querem a derrogação dos decretos legislativos 982, 983, 988 e 989 do Tratado de Livre Comércio entre Perú e Estados Unidos. Além disso, ainda pedem o fim da criminalização do protesto social, a saída do Gabinete de Yehude Simon, a mudança do modelo econômico neoliberal e a convocatória de uma Assembleia Constituinte que reconheça o país como um Estado Plurinacional.
Na ocasião, os grevistas ainda pedem o retorno ao Peru do presidente da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), Alberto Pizango, exilado na Nicarágua, e a promulgação de uma Lei de Anistia para os líderes julgados por defender os direitos dos povos. Entretanto, de acordo com o comunicado do MCP, a resposta do governo às manifestações ainda é a repressão. "Precisamente quando se desenvolve a Greve Andino-amazônica, expedem-se ordens de captura contra os dirigentes nacionais da Associação.
Greve em Lima
Paralela à greve andino-amazônica, o país ainda enfrenta outra paralisação: a do setor de transportes. Conforme informações divulgadas hoje pelo Diário Perú 21, a greve não conseguiu, no primeiro dia, apoio total. Em Lima, por exemplo, o veículo de comunicação afirma que a paralisação restringe-se apenas a algumas regiões da capital, como o cone leste e o sul. Entretanto, a expectativa é que, quarta, professores do Sindicato Único de Trabalhadores da Educação do Perú (Sutep) e entidades afiliadas à Confederação Geral dos Trabalhadores do Perú (CGTP) unam-se à greve do setor de transportes em um comício da Praça Dois de Maio.
De acordo com Peru 21, o primeiro dia de paralisação do setor na capital peruana também gerou conflito entre grevistas e policiais. De acordo com o periódico, dez pessoas foram detidas, terça (07), por tentarem bloquear uma pista em São João de Lurigancho. "A Polícia dispersou uma grande quantidade de agentes na maioria dos pontos de toda Lima para brindar segurança às unidades que saíram para trabalhar e evitar que fossem atacadas como na última greve", observou.
A greve acontece desde terça, quando motoristas e cobradores da capital peruana acataram a uma paralisação de 48 horas pela derrogatória do último Regulamento Nacional de Administração de Transportes e do novo Código de Trânsito.
(Adital, 08/07/2009)