(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
política agrícola brasileira política do agronegócio código florestal
2009-07-08

Principal interlocutor do setor rural com o então candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva, o reeleito governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), aproveita o cenário animador para a próxima safra 2009/2010 e já afina o discurso para convencer os ruralistas a trabalhar novamente pelo candidato da coalizão governista. "Ainda não fui convidado nem escalado, mas se for convocado pelo grupo de Lula direi que a atenção com o setor foi completamente diferente", afirma.

Maggi é presidente de honra do PR, virou referência política no setor e deve servir como contraponto à radicalização da oposição no campo, capitaneada pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO). "O apoio a Lula trouxe muitos ganhos para o setor. Não vamos mais só a reboque. O governo sempre esteve muito atento e sensível", afirma. "Tivemos interlocução mais direta, criamos mecanismos para as associações de produtores e passamos a ter voz e atenção internamente no governo". Ele considera ultrapassada a fase da radicalização política no campo. "A Kátia chegou agora, criou atritos com posição firme e novas perspectivas. Mas há espaço para conversarmos. O tempo nos dirá".

No balanço da política agrícola petista, aponta vários acertos do governo, sobretudo nas questões de apoio à comercialização da produção, elevação dos recursos de crédito rural e nas duas prorrogações de dívidas autorizadas por Lula. "No governo Fernando Henrique, não tinha diálogo. As coisas vinham fechadas, quadradas. Este governo sentou para conversar com setor produtivo e encaminhou todos os temas", compara.

Dono de um dos maiores conglomerados do agronegócio nacional, o Grupo André Maggi, o governador decidiu não disputar uma vaga no Senado. "Quero voltar para o meu negócio. Se fosse candidato a senador teria chances porque gozo de 70% de aprovação. Mas viraria um político profissional. Não quero, preciso me reciclar". Na campanha de 2006, Maggi foi decisivo para estabelecer um apoio mais sólido a Lula no setor, o que ajudou a mudar o mapa de votação na região Centro-Oeste, onde a base ruralista mantém forte influência sobre a economia. À época, sofreu ataques de parte dos ruralistas, foi chamado de "traidor", mas ajudou a reverter a ampla vantagem do tucano Geraldo Alckmin na região.

Após trabalhar pela reeleiçãode Lula, Maggi tentou emplacar o ministro da Agricultura e o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil. Não teve êxito. Mas ficou satisfeito em indicar o atual diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, seu braço direito em seu primeiro mandato como governador e coordenador de campanhas. Considera a infraestrutura o principal gargalo de Mato Grosso e do agronegócio nacional, mas esperava que Pagot fosse seu sucessor no Palácio Paiaguás, sede do governo local.

A lentidão das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as alianças políticas no Estado parecem ter frustrado os planos iniciais. Mesmo aliado de Lula, o governador vê um bom espaço para melhorar a atuação do governo no setor. Considera "boa" a gestão do Ministério da Agricultura, mas insiste em que "está errada" a distinção de políticas para pequenos, médios e grandes produtores. "O governo entendeu que não pode excluir uma classe dentro do setor", diz. "Somos grandes por necessidade. Se não tiver 500 hectares ou 1 mil hectares no Centro-Oeste não sobrevive. Estamos a 1,5 mil km dos portos e precisamos ter escala. A agricultura empresarial tem outra forma de se relacionar, tem outras necessidades". Maggi cita a fixação de prêmios de escoamento da produção, avanços no seguro rural feitos pelo BB, mas lamenta as perdas geradas pelo câmbio e os problemas climáticos. "Mas, na média geral, o governo Lula fez progressos", avalia. "Quando aperta e fica ruim, o governo senta para dialogar".

As maiores restrições de Maggi ao governo, porém, são feitas na questão ambiental. "Devíamos dar um passo adiante na reforma do Código Florestal", afirma. "Eu, e a maioria aqui, entendemos margens de rio [APP] e reservas [RL] devem ser preservadas, mas precisamos colocar uma baliza, porque o governo resolveu que a lei deve ser cumprida no Brasil todo". Maggi argumenta que Mato Grosso tem como atender às exigências do Ministério do Meio Ambiente, mas o Sul do país deve ficar fora. "A lei foi feita depois da conversão das áreas. Devíamos ter coragem para mudar o Código, admitindo as coisas como se encontram e que daqui para frente se observem as novas regras", sustenta.

Maggi diz que seria "idiotice, loucura" afetar lavouras de arroz, café, maçã ou uva no Sul para recomposição florestal. "O prejuízo econômico é muito grande. O ambiente já é desse jeito", diz. Para ele, é preciso "modificar algumas regras" e autorizar a soma de APP com reservas, fazer exigências por "maciços", permitir compensações em blocos em outros estados e bacias. "Não concordo muito com o Sul ´compensar´ na Amazônia porque poderia adormecer a atividade aqui", diz.

Poderia haver, segundo ele, uma compensação via ICMS por "aluguel" da floresta. E reitera sua defesa do pagamento por serviços ambientais. "A redução das emissões deve ser feita por opção do produtor até o limite da lei. É um direito receber para manter a floresta em pé, além de integrar pecuária e agricultura". Maggi calcula que essa integração reduziria em 50% a área da pecuária extensiva, manteria o rebanho e permitiria dobrar a área agrícola sem novas aberturas.

(Por Mauro Zanatta, Valor Econômico, 08/07/2009)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -