O inseticida BHC, também conhecido como hexabenzeno de cloro, produto tóxico que está enterrado há 20 anos no solo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Maringá, começou a ser retirado nesta segunda (06/07). Depois de mais de quatro meses, após a verificação e vistoria do local, os técnicos da empresa sanitária Saneplan, do Rio de Janeiro, começaram a fazer a retirada do produto, que está armazenado sob o estacionamento da Funasa.
Ao todo, 4 toneladas do agrotóxico e mais 15 toneladas de terra contaminada pelo veneno devem ser retiradas. A remoção deve durar pelo menos três dias. “Trata-se de uma obra de engenharia. O produto está enterrado numa profundidade maior do que imaginávamos”, disse Paulino Mexia, chefe regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Maringá.
Para fazer a retirada do veneno, a área do estacionamento da Funasa foi isolada. Máquinas escavadeiras vão retirar o veneno e o solo contaminado. Os funcionários da empresa terão de usar roupas especiais e máscaras para não ter contato com o produto. Todo o agrotóxico e a terra contaminada serão colocados em lonas de polietileno e encaminhados para Taboão da Serra (SP), onde serão incinerados a 1.2000C. Estima-se que o custo da operação será de R$ 200 mil.
De acordo com Mexia, o atraso na retirada do veneno se deu por causa da documentação exigida pelo estado de São Paulo, onde o produto vai ser incinerado. “Como se trata de um produto perigoso, que exige um parecer técnico, tivemos de esperar pela autorização da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo de São Paulo. O produto vai ser incinerado em Taboão da Serra (SP)”, explicou.
Efeitos
O BHC (sigla do nome do produto em inglês, Benzene Hexachloride) é um produto que combate pragas na lavoura. Ao entrar em contato com a pele, tem efeito cumulativo, causando danos irreversíveis ao sistema nervoso central. A absorção pelo organismo pode ocorrer por via oral, respiratória ou pelo simples contato com a pele e pode ser fatal. Entre os sintomas estão convulsões, dores de cabeça, tremores e arritmia.
De acordo com a Secretaria de Agricultura e da Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), existem quase 2 mil toneladas de BHC estocados no Paraná, principalmente nas regiões Norte e Noroeste. O BHC não pode ser comercializado, transportado e manipulado no Brasil desde 1985 porque pode contaminar o solo e o lençol freático.
(Por Marcos Paulo de Maria, Jornal de Maringá On-line / Gazeta do Povo, 07/07/2009)