Problemas com um parafuso do equipamento suspendem a operação na área do pré-sal da Bacia de Santos
Problemas técnicos em um parafuso do equipamento que controla a pressão e vazão do poço submarino do bloco de Tupi suspenderam a produção de petróleo na área do pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a estatal, a troca do equipamento deverá levar de três a quatro meses, o que pode comprometer o início da produção comercial da área, previsto para o quarto trimestre de 2010.
Segundo a Petrobrás, o problema foi detectado "nos parafusos de fixação da Árvore de Natal Molhada (conjunto de válvulas, colocado sobre o solo oceânico para controlar o fluxo de produção de um poço submarino)". Esse equipamento fica na saída do poço exploratório. Por medida de segurança, a companhia decidiu trocar todo o equipamento e não somente os parafusos com problemas. O polo de Tupi, com reservas de petróleo estimadas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris, é o primeiro a ter produção testada abaixo da camada de 2 mil metros de sal. A fase de testes começou em maio deste ano e a previsão era de se estender até o segundo semestre de 2010.
Em comunicado, a estatal destacou que o problema não está relacionado com aspectos de produção do campo ou de tecnologia e não tem impacto no desenvolvimento do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos. Na quinta-feira passada, a companhia divulgou o início do refino do óleo retirado de Tupi, considerado de melhor qualidade do que o petróleo da Bacia de Campos.
Segundo especialistas de outras empresas, que preferiram não se identificar, se a Petrobrás tivesse no local outra árvore de natal molhada e uma sonda disponível para efetuar a substituição, a operação poderia ser feita em cerca de três dias. Esses especialistas explicaram que o problema detectado pela Petrobrás, apesar de não ser "comum", é passível de ocorrer em qualquer unidade e facilmente ser detectado. "A pressão do volume produzido àquela profundidade pode ter provocado vibrações acima das esperadas, afrouxando os parafusos", disse um dos técnicos do setor, que atua em outra petrolífera. Segundo ele, cada parafuso que fixa uma árvore de natal molhada possui a cabeça maior do que palma da mão.
Segundo um destes técnicos, apesar de os parafusos e o equipamento como um todo serem dimensionados para atender a essa profundidade e passar por rígidos controles de padronização e qualidade, a estatal agiu corretamente em substituir o equipamento como um todo. Segundo ele, o procedimento tem que passar por um sistema de anti-blow out, que significa impedir que o poço continue jorrando, quando houver a retirada do equipamento.
Tanto esse procedimento como a retirada da árvore de natal molhada terá de ser feita por sonda. O TLD que vem sendo realizado na área é importante para que a Petrobrás obtenha mais detalhes sobre o pré-sal. A estatal informou ontem que os resultados obtidos no TLD, até o momento, têm sido conforme o esperado e serão valiosos para a definição do plano de desenvolvimento da área e, principalmente, para conhecer o comportamento de longo prazo dos reservatórios, a movimentação e drenagem de fluidos na produção e o escoamento submarino.
A capacidade do FPSO Cidade de São Vicente, que estava no local, era de 30 mil barris por dia, mas a produção estava aquém desse volume neste início das operações. Na quinta-feira, a estatal havia informado que começou a refinar a primeira carga extraída de Tupi, num volume de 315 mil barris.
(Por Kelly Lima, O Estado de S. Paulo, 07/07/2009)