Dois meses depois de iniciada, a produção do petróleo da camada pré-sal na área de Tupi, na Bacia de Santos teve de ser interrompida nesta segunda (06/07) pela Petrobras. O defeito em um equipamento, detectado durante o fim de semana, segundo a empresa, determinou a parada. Serão necessários três a quatro meses para que a produção em Tupi seja retomada. O poço, primeiro do pré-sal a entrar em produção, era o único em atividade na nova fronteira petrolífera. Produzia 14 mil barris por dia, de forma não contínua. A produção diária total da Petrobras é de 2 milhões de barris.
Segundo a Petrobras, uma inspeção submarina identificou um problema de fabricação nos parafusos de fixação do equipamento. Trata-se de um conjunto de válvulas instalado no fundo do mar que controla vazão de óleo e gás. A empresa informou que, por precaução, decidiu trocar todo o equipamento e que não foi detectado vazamento algum. O equipamento foi fornecido pela empresa americana Cameron.
A produção em Tupi faz parte do chamado teste de longa duração, em que a Petrobras pretende obter mais dados das condições do óleo e do reservatório. Com a produção interrompida, o teste também para. O teste nesse poço duraria seis meses. A Petrobras nega, porém, que o cronograma seja afetado. Questionada se pretende exigir alguma compensação da Cameron pela interrupção na produção e no teste de longa duração, a Petrobras informou que "ainda está analisando quais providências tomar". A Folha tentou contato com a Cameron do Brasil, mas não conseguiu falar com ninguém.
Para o analista do Banco do Brasil Nelson Rodrigues, mais do que perdas financeiras, o prejuízo será o atraso na obtenção de dados sobre esse óleo e o comportamento do reservatório, objetivo do teste que estava em andamento na Bacia de Santos. "Para a empresa o objetivo é antecipar ao máximo a produção em larga escala, e é inegável que, com o atraso na obtenção desses dados, essa produção atrasará", diz.
(Por Samantha Lima, Folha de S. Paulo, 07/07/2009)