As declarações do subsecretário-geral para a América do Sul do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, Ênio Cordeiro, de que o Brasil pode permitir a venda direta da energia paraguaia, sem o intermédio da Eletrobrás, animaram o diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo Balmelli.
Em entrevista ao Diário Última Hora, Mateo demonstrou satisfação pela aparente aceitação da proposta, da qual surge como um dos principais defensores. O diretor relembrou, ainda, que desde que assumiu o cargo, em agosto, vem mantendo contato com empresas brasileiras para sondar sobre esta possibilidade. “Acima de tudo, este anúncio representa a possibilidade de que o Paraguai desenvolva um sistema de energias renováveis. Agora, vamos ter que potencializar nossa capacidade de gerar energia”, analisou.
“Devemos fazer de Itaipu um ponto de interconexão e de integração. O mercado brasileiro é um mercado expansivo e temos que criar os canais de infraestrutura para que sejamos acoplados ao crescimento da economia deste país”. “O principal é que a abertura do mercado brasileiro se compadece com a necessidade. Temos que ter a lucidez de entender o efeito positivo que isso tem, porque o mercado brasileiro tem melhores preços e apenas foi afetado pela crise econômica”, concluiu.
Na opinião de Mateo, ante o esgotamento do potencial hidrelétrico dos rios brasileiros, o Paraguai poderia surgir como alternativa natural para a construção de novas usinas dedicadas a exportar parte fundamental de sua produção, a preços de mercado, às empresas energéticas do Brasil.
Cogestão Plena
Nesta quinta-feira (02/07), Mateo Balmelli recebeu a visita do presidente Fernando Lugo na sede administrativa de Itaipu em Asunción. No encontro, que contou com a participação de conselheiros da entidade, Lugo comentou sobre importantes avanços nas negociações. “Hoje há uma resolução conjunta tão importante, na qual uma das reivindicações é a cogestão plena”, afirmou o presidente paraguaio, referindo-se à administração paritária das principais diretorias da entidade binacional, após décadas de predomínio brasileiro nas áreas técnica e financeira.
“Também recebemos um relatório do presidente da ANDE (sócia da Eletrobrás em Itaipu), de tudo o que está sendo feito para que Itaipu e suas reivindicações sejam uma bandeira nossa. Ao mesmo tempo, no quesito obras, hoje também se dá um passo importante”, avaliou Lugo, citado pelo Diário Última Hora.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 03/07/2009)