O Grupo Santander anunciou nesta quinta-feira (02/07) que irá oferecer uma linha de € 50 milhões pra a compra de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) no Brasil, no Chile e no México que serão revendidas para empresas européias. Os créditos de carbono poderão ser resultantes de qualquer tipo de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), em qualquer fase da execução e volume. A linha de compras ficará aberta até 2012, quando termina o primeiro período de compromissos do Protocolo de Quioto.
O superintendente responsável por Crédito de Carbono da área de Global Banking & Markets do Grupo Santander Brasil, Maurik Jehee, explica que os clientes da América Latina ganham maior agilidade na negociação dos seus créditos, pois não terão que buscar aempresa interessada por comprar as RCEs. Já os clientes europeus terão acesso a uma carteira de créditos de carbono diretamente no banco. “Estes clientes têm interesse crescente pelos projetos da América Latina, principalmente nos três países em que atuamos com esta linha, pelo volume de crédito que eles oferecem”, explica Jehee, que é responsável pela operação deste negócio no Brasil e no Chile.
Segundo o Santander, as empresas vendedoras de RCEs poderão receber até 100% do crédito antes da entrega aos compradores. A prática usual do mercado é repassar o pagamento aos vendedores somente na entrega dos créditos, um prazo que pode levar anos, dependendo de cada projeto. “Portanto, as empresas vendedoras de RCEs podem receber mais rapidamente os seus recursos e já aplicá-los em seus projetos. E, como intermediadores, reduzimos os riscos de ambos os lados”, afirma o superintendente. O banco financiará também projetos de crédito de carbono voluntários, quando aprovados após avaliação criteriosa de áreas do próprio banco e de auditorias externas, se necessárias.
Brasil, Chile e México são os três países latino-americanos com o maior potencial de emissão de créditos de carbono nos próximos anos, totalizando 33,5 milhões de RCEs por ano, somente se levados em consideração os projetos de MDL registrados nas Nações Unidas até o momento. Segundo dados da ONU, a expectativa de emissão anual destes países é de 20,4 milhões para Brasil, 8,6 milhões para o México e 4,5 milhões para Chile.
Segundo Jehee, outra vantagem d a venda antecipada dos seus créditos futuros é a possibilidade de fixar o preço na entrega dos créditos, mitigando desta forma o risco de mercado. “O preço das RCEs, assim como o de outros commodities, oscila muito. A RCE com garantia de entrega em dezembro deste ano, negociado na Bolsa de Clima Européia, a maior bolsa de carbono, oscilou nos últimos 12 meses entre o mínimo de € 7,39 e o máximo de € 23,88. Na modalidade de venda antecipada, o crédito é negociado com um desconto em comparação com estes preços, refletindo o risco do projeto específico”, explica o especialista.
(CarbonoBrasil, 03/07/2009)