Depois do ruim começo de 2009, os investimentos no setor apresentaram uma reação nos últimos meses recebendo US$ 1,2 bilhões, com destaque para a energia solar com US$ 330 milhões
O crescimento de investimentos em tecnologias verdes reflete que um novo fôlego pode ter chego ao mercado, devido principalmente às novas políticas que vêm sendo anunciadas pelo governo dos Estados Unidos. Ao menos é isso que demonstra o relatório Greentech Innovations Report, publicado na semana passada pela GreentechMedia. De acordo com o documento, foram investidos no segundo trimestre de 2009 pouco mais de US$ 1,2 bilhões em 85 novos negócios, contra apenas US$ 836 milhões em 59 iniciativas nos três primeiros meses do ano,um crescimento de 50%.
O destaque foi para a energia solar, que recebeu US$ 330 milhões distribuídos entre 17 negociações. Mas ao contrário do primeiro semestre, os recursos para as tecnologias verdes foram bem distribuídos entre diversos interesses. Por exemplo, a indústria automotiva e de transportes atraíram cerca de US$ 200 milhões, enquanto bicombustíveis, carvão limpo e tecnologias de armazenamento de energia outros US$ 195 milhões. Também foi registrado um maior interesse em redes elétricas inteligentes, as chamadas “Smart Grids”.
A pesquisa aponta a preferência dos investidores por projetos em etapas iniciais e finais, e também revela que o valor geral dos investimentos diminuiu. Não houve ainda em 2009 nenhum negócio da escala de US$ 100 milhões ou mais, como foi visto no ano passado. Segundo o relatório, o crescimento do interesse por tecnologias verdes se deve muito às novas políticas dos EUA e à previsão dos gastos do governo para o estímulo de iniciativas ambientais.
Recursos Públicos
O Ato de Energia Limpa e Segurança 2009, recentemente aprovado na Câmara norte-americana, determina a criação de um programa de limite e comércio (‘cap-and-trade’) com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 80% em 2050 em relação aos níveis de 2005. Junto com ele vem ainda uma série de programas de estímulos para tecnologias verdes, incluindo um plano de US$ 67 bilhões para eficiência energética e renováveis. Mesmo sem nem sair do papel, esses planos já ajudaram a chamar a atenção do mercado e de grupos de investidores para as tecnologias limpas, como deixou claro o relatório da GreentechMedia. Porém ainda existe a preocupação de quando e como este dinheiro será empregado.
Se os fundos forem gastos muito rapidamente ou muito devagar, isto poderia causar danos para a indústria de energias limpas, afirmaram investidores e executivos presentes no Fórum de Finanças de Energias Renováveis, realizado na última semana em Nova York. “Nós temos pouca experiência em gastar essa quantidade de recursos em pouco tempo. É fundamental que seja atingido o equilíbrio ideal entre velocidade e efetividade”, alertou Dan Reicher, diretor de Mudanças Climáticas e Iniciativas de Energia do Google.org.
O consenso entre os participantes do Fórum é o de que a maior parte dos recursos seja apenas utilizada a partir de 2010. Mas eles vêem com bons olhos a definição de medidas mais claras para o longo prazo. “Nós não vamos parar de precisar de energia e não iremos voltar a usar apenas carvão e não ligar para as conseqüências. Então é difícil não estar otimista em alguns aspectos”, disse ao RenewableEnergyWorld.com o chefe executivo do New Energy Finance, Michael Liebreich.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 03/07/2009)