Indignados, moradores da Vila Dique se manifestaram em audiência pública promovida sábado pela Câmara com o objetivo de ouvir a comunidade a respeito do conjunto habitacional em construção nas imediações do Porto Seco. O objetivo da edificação é reassentar 1.476 famílias da vila, visando à ampliação do Aeroporto Salgado Filho. Os moradores se sentem 'enganados' pelas promessas da prefeitura e do Departamento Municipal de Habitação (Demhab). A audiência lotou a Igreja Assembleia de Deus, na vila.
O morador Valdemar de Oliveira reclamou que as casas são pequenas. 'Não pedimos para sair da Vila Dique. Aceitamos sair, mas queremos dignidade.' Segundo ele, as habitações são próximas. 'Não temos privacidade e dois quartos são insuficientes para uma família de sete filhos, por exemplo.' O diretor do Demhab, Humberto Goulart, admitiu que fica difícil modificar as edificações. 'Não temos como voltar atrás.' No entanto, ele afirmou que existem terrenos maiores onde poderão ficar famílias com mais filhos.
A moradora Soralia de Ávila salientou que a demora na construção de uma escola que deverá atender os reassentados é um 'desrespeito' ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 'Estou triste e desapontada. Somos pobres, mas isso não significa que vamos aceitar qualquer coisa.'
A representante do Conselho Tutelar da 10ª Região, Salete Alminhana, apontou que a rede pública não deverá ser suficiente para atender crianças e adolescentes das proximidades. 'Nenhuma das escolas próximas tem vaga. Como ficam as crianças?', questionou.
Segundo a secretária da Educação, Cleci Jurach, a obra da escola deverá estar concluída no 2º semestre de 2010. Garantiu que os estudantes poderão ingressar nas escolas próximas Décio M. Costa e Ildo Meneghetti. Aos locais distantes, a Carris fará o transporte gratuito.
(Correio do Povo, 06/07/2009)