O ministro José Gomes Temporão tem tentado de tudo para resolver a questão da saúde indígena, mas está muito difícil para ele. Depois de se dar conta do poço de desmandos (para não dizer algo mais pesado) que ocorre naquela instituição, Temporão enviou mensagem ao Congresso para criar a Secretaria Especial de Saúde Indígena. O movimento indígena acatou a ideia e estava disposto a colaborar e participar diretamente.
Está tudo parado.
Aí, continua a funcionar a Funasa, aos trancos e barrancos. Recentemente estive no Alto Xingu e lá está funcionando pela intermediação da Associação Indígena do Xingu. Na Paraíba está bem. Onde mais está bem? Será que está dando certo com os Xavante pela primeira vez? Não sei. Aguardo dados e informações.
Agora o problema é em Roraima. A Funasa cancelou os contratos que tinha com o CIR e a Hutukara Associação Yanomami para intermediar a saúde para os indígenas do Estado. Agora fez contratos com o governo do Estado de Roraima. É dose, o mesmo governo que trabalha diuturnamente contra os índios. Os índios estão muito chateados. Não confiam no governo do Estado e querem que a Funasa refaça o contrato e devolva ao CIR (Conselho Indígena de Roraima) a incumbência para a saúde dos índios Makuxi, Wapixana e outros. A Funasa alega que havia confusão, desvio de recursos e falta de prestação de contas nos contratos anteriores. Daí terem feito novos contratos. Confiam no Estado. Eita!
Como os índios não conseguem dissuadi-la dessas ações administratias, estão apelando diretamente ao ministro Temporão. Mas será que o ministro tem força para exercer sua autoridade na Funasa, um órgão diretamente vinculado ao PMDB? Eis o busilis da questão!
Os índios em geral andam muito chateados com tudo isso. Em todas as partes do Brasil, mesmo aonde está dando certo. Parece que não tem saída. A criação dessa Secretaria Especial de Saúde Indígena nem foi objeto de discussão na Câmara. Está totalmente parada. Não interessa ao PMDB mudar a Funasa e tirar a saúde indígena de lá.
Eu mesmo me cansei de escrever sobre isso. Já nem conto o número dos protestos indígenas. Agora mesmo está havendo uma ordem de despejo dos índios Karajá e uns Kanela que tomaram o prédio da Funasa em São Felix do Xingu. Na semana passada, mais de 300 índios assentaram praça no prédio da Funasa em Manaus.
(Blog do Mércio, 03/07/2009)