A Vale informou nesta sexta ao mercado que está discutindo com o grupo alemão ThyssenKrupp uma ampliação de sua participação nos investimentos para a construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Atualmente, a Vale possui 10% do empreendimento, enquanto os outros 90% são do grupo alemão. De acordo com fontes do mercado, a Vale estaria disposta a elevar essa participação para até 30% - que seria o objetivo da ThyssenKrupp. O projeto de construção da usina está orçado em 4,5 bilhões.
Em nota, a Vale afirma que a discussão para o aumento da participação na CSA se dá "em função da necessidade de garantir a conclusão do projeto e sua entrada em operação sem mais atrasos". Fontes do setor informaram que a continuidade das obras ficou ameaçada com a queda da demanda mundial por aço, que atingiu em cheio a ThyssenKrupp, principalmente por causa do drástico recuo do mercado europeu.
Considerando o período entre outubro do ano passado e março deste ano, a companhia alemã registrou um prejuízo de 215 milhões, enquanto no mesmo período do ano anterior havia lucrado 1,6 bilhão. A Europa, onde estão localizados os principais clientes da ThyssenKrupp, foi a região que apresentou a maior queda da procura por aço e minério no mundo. E a região, diferentemente de outras partes do mundo, ainda não apresenta sinais de recuperação.
Ajuda
Embora tenha cortado investimentos este ano em mais de US$ 5 bilhões, como resultado da queda de mais de 30% nas vendas de minério de ferro às siderúrgicas, a Vale estaria em situação mais confortável para poder auxiliar sua sócia no empreendimento, dizem os especialistas do setor. O negócio seria uma elevação temporária na sociedade, com desinvestimento mais adiante, com o mercado consolidado.
No final de maio, em entrevista ao jornal alemão Boersen-Zeitung, o executivo-chefe da ThyssenKrupp, Ekkehard Schulz, afirmou que a empresa havia feito o convite à Vale para aumentar sua participação na CSA como uma forma de garantir que o projeto saísse do papel. De acordo com o executivo, quando a crise financeira global eclodiu, em setembro do ano passado, o empreendimento havia chegado a um ponto em que não havia mais como ser abandonado. Ainda na entrevista, Schulz afirmou que as negociações estavam bastante avançadas e deveriam ser concluídas até setembro, após uma definição sobre o valor dessa nova fatia da Vale no projeto.
Anunciada em 2004, a CSA terá capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de placas de aço voltadas para o mercado externo. O orçamento inicial para a usina em construção no Estado do Rio era de 2,4 bilhões. Com o aquecimento do mercado antes da crise, o custo já havia subido para os atuais 4,5 bilhões. O cronograma inicial previa o início da produção da usina em 2008, mas este prazo já foi adiado para 2010.
(Por Kelly Lima, O Estado de S. Paulo, 04/07/2009)