O presidente da concessionária da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), Victor Paranhos, confirmou nesta sexta (03/07) a saída da Camargo Corrêa do projeto de construção da Usina de Jirau, no Rio Madeira (RO). Sem esclarecer quando a companhia deixará o projeto, Paranhos disse que o objetivo é evitar possíveis conflitos de interesse na posição da empresa como acionista e responsável pelas obras civis do empreendimento. "Já estava acertado que a Camargo Corrêa sairia logo após a obtenção da licença de instalação. Isso foi um pedido da própria Camargo", disse em entrevista à Agência Estado.
Hoje, a ESBR tem como acionistas a GDF Suez (50,1%), a Eletrosul (20%), a Chesf (20%) e a Camargo Corrêa (9,9%). Segundo Paranhos, a saída da construtora foi acertada durante a constituição do consórcio que disputou a concessão de Jirau, no ano passado. De acordo com o executivo, não é do interesse da GDF Suez, que no Brasil controla a Tractebel, aumentar a sua fatia acionária no projeto. "Achamos que já temos uma posição grande na hidrelétrica", disse.
Nesse contexto, a expectativa é de que a Camargo Corrêa venda sua participação em Jirau para outro investidor do mercado. "A Camargo acredita que irá captar muito mais recursos vendendo a participação na usina agora do que anteriormente", afirmou Paranhos. A usina tem capacidade instalada de 3,3 mil MW, com planos de ser expandida para 3,450 mil MW. O empreendimento está previsto para entrar em operação no início de 2012, entre fevereiro e abril. O investimento total é estimado em R$ 10 bilhões pelos empreendedores.
Financiamento
A ESBR informou na sexta que assinou na quinta-feira com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um contrato de financiamento de R$ 7,2 bilhões para a construção da hidrelétrica de 3.450 megawatts (MW) em Jirau. Segundo a concessionária, desse total, R$ 3,5 bilhões serão repassados por agentes financeiros credenciados: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú BBA, e Banco do Nordeste do Brasil.
De acordo com os empreendedores de Jirau, essa é a maior linha de financiamento dada a uma empresa pelo BNDES. O montante representa 68,5% dos recursos totais da obra. O restante será aplicado diretamente pelos sócios da ESBR. O dinheiro será liberado de acordo com o cronograma da obra. Desde o início das obras, a ESBR já investiu cerca de R$ 700 milhões no empreendimento. O prazo máximo de amortização do financiamento é de 20 anos. O prazo total para quitar a dívida, incluindo o período de carência, é de 25 anos.
(Por Wellington Bahnemann e Leonardo Goy, O Estado de S. Paulo, 04/07/2009)