60% das 20 principais obras gaúchas do Programa de Aceleração do Crescimento continuam no papel após dois anos e meio
Dois anos e meio depois do lançamento do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), 60% das 20 obras de maior impacto regional previstas para o RS continuam no papel e pelo menos metade esbarra em entraves burocráticos. Na maioria dos casos, as iniciativas – que devem somar mais de R$ 10 bilhões em investimentos nos próximos anos – ainda estão em estágio inicial, entre a fase de elaboração do projeto e a licitação.
O andamento desse conjunto de ações, destacado entre mais de 500 obras do PAC no Rio Grande do Sul, é acompanhado por Zero Hora desde fevereiro, na forma de um “pacômetro”, que classifica as obras em quatro estágios, desde o início do projeto até a sua conclusão. De perfis variados, os empreendimentos preveem desde melhorias na malha rodoviária até a construção de usinas e barragens.
Embora tenham se passado cinco meses desde primeiro levantamento publicado, pouca coisa mudou. Das 20 propostas avaliadas, oito (40%) estão em obras – uma a mais do que em fevereiro. Entre elas, estão o estaleiro de Rio Grande e a termelétrica Candiota III, com 80% e 64% das metas concluídas, respectivamente. Entre as 12 ações que ainda não superaram as etapas iniciais, 10 emperraram desde o primeiro teste do pacômetro. É o caso da ampliação da pista do Aeroporto Salgado Filho, na Capital, cujo projeto segue em revisão no setor de engenharia da Infraero, e a nova ponte do Guaíba, que nem projeto tem.
Em relação às obras previstas para sete importantes rodovias gaúchas, só a BR-101, segundo informações do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) no Estado, tem operários em atividade. A Rodovia do Parque (BR-448) segue em fase de licitação, e as obras de duplicação das BRs 290, 116 e 386 sequer chegaram a esse ponto.
– Recursos, a gente sabe que o governo tem. O problema é a burocracia do setor público – resume o presidente da Comissão Pró-Duplicação da BR-386, Ney Lazzari, que teme novos atrasos.
Apesar da lentidão, o governo federal estima ter aplicado mais de R$ 200 bilhões em obras no país, valor correspondente a menos da metade dos R$ 504 bilhões previstos até 2010. Segundo a ministra Dilma Rousseff, 20% do total de obras previstas para o Estado estão prontas.
(Por Juliana Bublitz, Zero Hora, 05/07/2009)