A Frente Parlamentar Ambientalista aderiu aos esforços da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio) para garantir um percentual maior de combustível vegetal no diesel comercializado no País. As empresas do setor defendem que, nas regiões metropolitanas, a adição seja de 20%. Pelas normas em vigor, o índice passou a ser de 4% a partir deste mês. Em 2010, ele subirá para 5%. A Ubrabio afirma, no entanto, que o Brasil tem capacidade de assumir um uso mais amplo de combustível vegetal, pelo menos nas grandes cidades.
O presidente da Ubrabio, Odacir Klein, enumerou os benefícios da mistura. "Ela tem, primeiro, um reflexo ambiental. O biodiesel é um combustível renovável e não fóssil, não tem as emissões que prejudicam o meio ambiente e a saúde humana. Na medida em que sobe a mistura, diminuem os efeitos nocivos. Além disso, o petróleo é finito", disse ele. Klein foi um dos participantes, nesta quarta-feira (01/07), de um debate promovido pela frente parlamentar sobre os benefícios da inclusão do biodiesel na matriz energética brasileira.
Menos doenças
De acordo com a Ubrabio, a adoção do chamado biodiesel metropolitano, na proporção de 20%, levaria a uma igual diminuição das emissões de hidrocarbonetos e poderia reduzir a incidência de câncer nos pulmões e a ocorrência de irritações nos olhos, nariz, pele e aparelho respiratório nos habitantes das cidades. A entidade calcula que, no caso do monóxido de carbono, a redução seria de 10%, o que poderia resultar em menos pessoas com problemas no sistema nervoso central e com complicações alérgicas e cardíacas.
O presidente do Grupo de Trabalho de Energias Renováveis e Biocombustíveis, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), disse que a mudança trará outro benefício: "O Brasil importa 20% do diesel mineral que consome no transporte de caminhões e automóveis, utilitários e ônibus. Se conseguirmos produzir mais biodiesel, as importações vão diminuir. É, portanto, uma vantagem macroeconômica", argumentou.
Enxofre
De acordo com a Ubrabio, a adição de 20% de biodiesel ao diesel nas regiões metropolitanas também poderia ajudar a indústria automobilística a se adaptar à exigência de usar menos enxofre no combustível. Segundo os fabricantes de automóveis, o diesel com menos enxofre possui menor capacidade de lubrificação, o que poderia ser compensado com o biodiesel.
Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que, a partir de 2012, a frota de veículos pesados movida a diesel no País circule com o chamado combustível S10 - ou seja, com um máximo de 10 partes por milhão de enxofre.
(Por Ana Raquel Macedo, com edição de edição de João Pitella Junior, Agência Câmara, 01/07/2009)