A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), medida adotada pelo governo em dezembro passado para conter os efeitos da crise econômica, trouxe resultados ótimos para o mercado, mas péssimos para o meio ambiente. Quinta-feira (02/07), a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) confirmou novos recordes de vendas para o setor. Em junho, quando a medida governista tinha prazo para acabar, houve uma corrida por veículos de passeio e comerciais leves e suas vendas chegaram a 289.792 unidades. Isso representa um crescimento de 22% em relação a maio e de 19% considerando junho do ano passado.
As vendas acumuladas no primeiro semestre do ano alcançaram quase 1,4 milhão de veículos, o que perfaz um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2008. Ao somar as vendas de todos os veículos de passeio e comerciais leves desde que o governo cortou o IPI, a conta chega a 1,6 milhão de automóveis a mais nas ruas - 90% do tipo bicombustível.
Com esses números, já dá para se ter uma idéia do estrago ambiental. Renato Linck, gerente de Engenharia Automotiva da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb), e o engenheiro Olímpio Álvares Júnior, criaram uma metodologia para calcular a poluição veicular. Conforme eles, quando um carro flex roda com gasolina, a emissão é de 185 gramas de Dióxido de Carbono (CO2) por quilômetro. Quando o mesmo veículo circula com álcool, a taxa sobe para 187 gramas de CO2 para cada quilômetro. Segundo os especialistas, 75% dos carros flex brasileiros rodam a maioria do tempo com álcool.
Aplicando o porcentual apenas às vendas realizadas no primeiro semestre, é possível projetar um crescimento de aproximadamente 6 milhões de toneladas nas emissões anuais nacionais de gases estufa.
A base dos cálculos feitos por O Eco foram os 22 mil quilômetros rodados anualmente pela frota na região metropolitana de São Paulo, aplicados aos modelos de carros mais vendidos no país.
(O Eco, 02/07/2009)