Reservatórios de água na Campanha e na Fronteira Oeste estão com 20% da capacidade
Se o plantio de arroz fosse hoje, a capacidade das barragens da maioria dos produtores de arroz da Fronteira Oeste e Campanha, responsáveis por 44,48% da produção do grão no Estado, estaria em apenas 20%. A previsão de El Niño – fenômeno que provoca maior volume de chuva – para a primavera, época do plantio, não é alentadora e a preocupação toma conta dos agricultores.
Produtor do grão há mais de 30 anos em Uruguaiana, Luiz Antônio Bertei, 60 anos, já prevê a redução da área que será semeada na próxima safra. A barragem que irriga seus 170 hectares de lavoura está apenas com 10% da capacidade. A previsão de chuva para o inverno, segundo a Central de Meteorologia, é de volumes dentro da média, com predomínio de dias secos. Esse prognóstico significa que as barragens dificilmente recuperarão os níveis até o plantio, que começa em setembro. Bertei acredita que não poderá plantar mais do que cem hectares.
– Mesmo que chova, minha barragem está muito baixa. Em todo o tempo que sou produtor nunca vi nada igual. É toda uma cadeia que sente o impacto. Vou contratar menos pessoas para trabalhar, vou comprar menos insumos e investir em tecnologia está fora dos planos – relata o produtor.
O engenheiro agrônomo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na Campanha, Jair Mendes Flores, explica que a previsão de El Niño para a primavera causa apreensão:
– Se chover demais, o produtor não conseguirá plantar no período ideal, que é setembro e outubro. Plantar cedo é uma das principais medidas para obtenção de boa produtividade. Isso quer dizer que poderemos ter uma produtividade menor caso as previsões climáticas se confirmem.
Colega de Flores, o engenheiro agrônomo do Irga na Fronteira Oeste, Gustavo Hernandes, destaca que nesta época do ano o produtor já costuma ter uma ideia de quantos hectares serão semeados. Por isso, começa a planejar a lavoura, incluindo a quantidade de insumos e de pessoas a serem contratadas para trabalhar.
– O produtor ainda está no escuro. Vai ter de se programar em cima da hora e isso não é positivo – pondera.
O presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, faz um alerta:
– É hora de o produtor segurar os freios, não investir, porque pode correr o risco de se endividar ainda mais.
(Por Marina Lopes, Zero Hora, 03/07/2009)