"Pelo menos 16.928 espécies estão ameaçadas de extinção". Isso é o que mostra o relatório "A vida silvestre em um mundo cambiante", realizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). O estudo, publicado a cada quatro anos, mostra que os governos não conseguirão o objetivo de 2010 de reduzir a perda da biodiversidade em nível mundial, regional e nacional.
O estudo analisa 44.838 espécies da Lista Vermelha e divide os resultados em grupos de espécies, regiões geográficas, e tipos de habitat, como marinho, terrestre e de água doce. Segundo o relatório, 869 espécies já estão extintas ou extintas em estado silvestre. A cifra aumenta ainda mais caso se somem as 290 espécies em perigo crítico de extinção classificadas como possivelmente extintas.
De acordo com o estudo, no total, mais de 16.000 espécies estão ameaçadas de extinção. Entretanto, esta cifra é uma subestimação, pois o relatório só analisa 2,7% das 1,8 milhões de espécies descritas. Para Jean-Christophe Vié, diretor adjunto do Programa de Espécies da UICN e redator da publicação, ainda se tem que tomar muitas medidas para reduzir a perda da biodiversidade. "É hora de reconhecer que a natureza é a maior empresa do planeta, que trabalha para o benefício de 100% da humanidade - e o que faz de graça. Os governos deveriam dedicar o mesmo esforço, se não mais, para salvar a natureza que para salvar os setores econômicos e financeiros", sugere.
Segundo o relatório, a vida na Terra está ameaçada em vários habitats. As espécies de água doce, por exemplo, enfrentam uma difícil situação por causa da conectividade dos sistemas do habitat, que permite a contaminação e as espécies invasoras propagarem-se com grande rapidez. Na Europa, 38% dos peixes estão ameaçados e na África Oriental, 28%. Situação semelhante vivem as espécies marinhas, vítimas da pesca, da mudança climática, das espécies invasoras, do desenvolvimento costeiro e da contaminação. De acordo com UICN, pelo menos 17% das 1.045 espécies de tubarão e de raia estão ameaçadas de extinção.
Ademais, o relatório revela que cerca de um terço dos anfíbios, mais de uma a cada oito aves, e aproximadamente uma quarta parte dos mamíferos está ameaçada de extinção. A situação é ainda pior em alguns grupos de plantas. Cerca de 28% das plantas coníferas e de 52% das cicadáceas, segundo o estudo, estão ameaçadas pela destruição dos habitats.
Entretanto, Vié acredita que a vida na Terra não está totalmente perdida. Estima-se que algumas medidas de conservação evitaram a extinção de 16 tipos de aves nos últimos 15 anos. Para o diretor, é possível recuperar espécies ameaçadas com programas de conservação. "Como mostra a crise econômica e financeira, é preciso escutar quem dá voz de alerta. As espécies silvestres requerem mais atenção e nossa sociedade deve empreender grandes mudanças para salvaguardar seu próprio futuro", afirma.
O relatório "A vida silvestre no mundo cambiante" está disponível aqui.
(Adital, com informações da UICN, 02/07/2009)