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pobreza e fome no mundo agricultura familiar crise alimentar
2009-07-02

Investir na agricultura – principalmente na produção familiar – é a chave para a redução da pobreza e pode ajudar a solucionar as crises de alimentos, financeira e climática. A conclusão é do relatório Investir na Pequena Agricultura é Rentável, divulgado nesta terça (30/06) pela organização não governamental (ONG) britânica Oxfam. O documento traça um histórico dos investimentos na agricultura e indica a necessidade de mais aporte financeiro e apoio tecnológico para os pequenos produtores, em especial nas áreas com maiores dificuldades de acesso e de produtividade.

De acordo com o texto, 75% das pessoas pobres que sobrevivem com um dólar por dia trabalham e vivem em zonas rurais e a estimativa é  de que em 2025 esse percentual ainda seja de mais de 65%. “Não é possível reduzir a pobreza, nem estimular globalmente a agricultura e os meios de vida rural sem renovar o compromisso público de investir mais e de forma mais inteligente – com pesquisa e desenvolvimento agrícola, assim como em setores de apoio: saúde, educação, infraestrutura e meio ambiente”, sugere o relatório.

Entre o fim da década de 80 e o início dos anos 90 a ajuda internacional para o desenvolvimento da agricultura caiu 75% e desde então o montante de recursos repassados tem se mantido baixo se comparado a períodos anteriores. Em 2007, por exemplo, a União Européia doou US$ 1,4 bilhão, mas investiu “assombrosos US$130 bilhões” em seus setores agrícolas internos, segundo a Oxfam.

Em 2008, de acordo com a ONG, apenas US$1 bilhão dos US$ 12 bilhões prometidos pelas nações ricas chegaram de fato aos países pobres para lidar com a crise alimentar global. Outra crise, a financeira, pode agravar ainda mais a situação, diante da redução das reservas dos países e dos grandes aportes realizados para salvar instituições e a oferta de crédito. “A comunidade de [países] doadores está esgotando seus fundos, enquanto os governos nacionais veem seus depósitos minguarem”.

As soluções, segundo a Oxfam, devem ser compartilhadas entre governos, empresas e o terceiro setor e além de garantias de mais investimentos, passam por medidas como o desenvolvimento de mercados locais de sementes e o fortalecimento de organizações de pequenos produtores. A ONG defende ações prioritárias para os agricultores que vivem nas chamadas áreas marginalizadas – ambientes remotos, com terras frágeis e degradadas e sem acesso a serviços básicos como água, saúde e educação.

“Os agricultores de zonas marginais são os que mais cuidam das terras mais degradadas, conservam a biodiversidade agrícola e manejam alguns dos solos mais frágeis do mundo. São aliados cruciais na luta contra as mudanças climáticas”. O relatório também mostra a necessidade de apoio a tecnologias de baixo custo, o fortalecimento dos direitos trabalhistas, com legislações que garantam mais proteção aos trabalhadores da agricultura, além de investimentos direcionados para as mulheres.

O documento da Oxfam foi apresentado um dia antes da Assembleia da União Africana, que começa nesta quarta (01/06) na Líbia e terá como tema principal o investimento em agricultura para garantir segurança alimentar e crescimento econômico.

(Por Luana Lourenço, com edição de Graça Adjuto, Agência Brasil, 30/06/2009)


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