Começou a instalação da tela aerodinâmica Wind Fences, que deverá conter a ação do vento, impedindo que o “pó preto” seja dispersado e chegue à casa dos capixabas. A técnica já é utilizada no Japão e vinha sendo cobrada pela população há anos, mas só foi aceita quando a empresa precisou licenciar sua mais nova expansão. A nova tecnologia, junto com outras exigências, serviu como uma espécie de condicionante para que a empresa tivesse seu licenciamento liberado. Através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que teve o nome alterado para Termo de Compromisso Ambiental (TCA), a fim de não prejudicar a imagem da empresa, ficou acertado o compromisso de instalar o equipamento.
O TCA foi assinado entre a mineradora, órgãos ambientais e Ministério Público Estadual (MPE-ES), em 2007, mas o funcionamento da tela aerodinâmica só está previsto para funcionar em setembro próximo. A medida não é resultado apenas do entendimento entre as partes, como declarou o vice-governador Ricardo Ferraço, em sua visita à empresa. Para os ambientalistas, a medida é resultado de anos de luta da sociedade, que pressionou e, desta vez, cobrou que a licença da empresa para se expandir não fosse concedida caso os anseios da população não fossem atendidos.
Neste contexto, além da instalação da Wind Fence, a empresa foi obrigada a instalar novos supressores nas suas usinas V e VII. A nova central é maior e com mais capacidade de aplicação do supressor, que serve para, em uma ação continuada, umidificar o minério e evitar a dispersão com o vento.
Além dos termos do TCA, a Vale também terá que se empenhar para avaliar e conter as emissões atmosféricas junto aos órgãos ambientais. A informação é que a Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) está desenvolvendo um estudo para identificar as fontes poluidoras e criar parâmetros de controle para elas. Neste sentido, o Iema, junto com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), está trabalhando em coletas de poeira para caracterização quanti-qualitativa do pó e, com a conclusão deste estudos, será possível identificar as fontes de emissão e atuar neste controle.
Entre os pontos que já estão recebendo algum tratamento para conter a poeira da Vale, figuram as correias de carvão, pelotas e minério, que já estão sendo cercados por telas de proteção especial. Grande parte das reivindicações citadas no TCA já constavam do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado em 1999 pela empresa, mas que nunca foi cumprido.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 02/07/2009)