Gigante asiático promete gerar 120 GW utilizando os ventos, já o Brasil, apesar de seu enorme potencial, ainda tem que ultrapassar diversos obstáculos para garantir seu lugar entre os grandes produtores mundiais
O governo chinês anunciou nesta segunda-feira (29/06) um programa para a construção de sete fazendas eólicas até 2020, cada uma com capacidade mínima de 10GW. Assim que entrarem em operação, as usinas gerarão cerca de 120GW, sendo então responsáveis por aproximadamente 8% de toda a energia gerada no país daqui a 10 anos, estimada em 1500GW.
Segundo o diretor adjunto de energias renováveis da Administração Nacional de Energia, Shi Pengfei, os locais escolhidos para a construção das usinas são propositadamente distantes entre si - variando da província ocidental de Jilin até o interior da Mongólia- , para ajudar a espalhar o desenvolvimento econômico pelo país. Entretanto Shi não deixou claro se as novas usinas fazem parte do plano de estímulo econômico chinês de US$ 586 bilhões.
Caso façam parte do programa de estímulo, dificilmente fabricantes de turbinas de fora da China poderão participar do empreendimento. Foi aprovada em junho uma política em que projetos bancados pelo estado devem pedir permissão para o governo para a compra de qualquer produto estrangeiro. A política não deixa claro se poderiam participar companhias estrangeiras com fábricas na China. Suzlon, Vestas e Gamesa são algumas das empresas nessa situação, mas todo o mercado espera conseguir algum espaço no futuro das energias renováveis da China.
Estados Unidos
O cenário nos EUA também parece bastante favorável. Em um artigo divulgado nesta terça (30), Jeff Anthony, gerente do programa de fornecedoras da Associação Americana de Energia Eólica, apresentou diversos estudos que comprovariam a confiabilidade da geração de energia pelo vento. Segundo Anthony, a experiência européia já mostra que as fornecedoras de energia podem adicionar as fontes eólicas à geração sem grandes adaptações nas suas instalações e que isso apenas contribui para a confiabilidade de todo o sistema.
De acordo com dados da Associação Americana de Energia Eólica, em 2008 foram instalados 8,4GW em capacidade de geração nos EUA, energia suficiente para alimentar dois milhões de residências. Novos projetos eólicos contaram no ano passado por mais de 40% de toda a nova geração de energia no país. Atualmente a capacidade eólica dos EUA está em 25,2GW. A previsão é que a energia eólica continue a crescer com força, um relatório do Departamento de Energia intitulado “20% Wind Energy by 2030” afirma que eólicas podem ter um papel decisivo para ajudar os EUA a conseguir abastecer sua demanda energética.
Para Anthony, este cenário de 20% projeta um agressivo crescimento das eólicas no país. Esse mesmo estudo deixaria claro que esse tipo de energia e sua integração à rede elétrica pode ser alcançada com custos dentro de uma faixa aceitável, confirmando as experiências que já estão documentadas pelo mundo.
Brasil
Um relatório do Pnuma divulgado recentemente demonstrou que a energia eólica já movimenta cerca de R$ 50 bilhões no Brasil, porém ainda não é suficiente para explorar o grande potencial do país. Os custos dos equipamentos, por exemplo, ainda é um empecilho e uma reivindicação antiga dos estados produtores. Na última semana, dias depois de o ministro Carlos Minc assinar a “Carta dos Ventos”, documento que promete maior participação da energia eólica na matriz elétrica nacional, o Ministério de Desenvolvimento Econômico, Comércio e Indústria mudou as regras para a importação de aerogeradores.
As novas regras aumentaram o imposto de importação dos aerogeradores – que serão usados nos projetos dos leilões de energia eólica - para 14%. A medida foi duramente criticada pelo Greenpeace, que a considerou um retrocesso para o setor, já que entre 2006 e 2007, a taxa tinha sido eliminada. Para o coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo, a mudança das regras provocam incertezas sobre a realização de novos leilões. O primeiro deles está marcado para novembro, porém ainda não foram definidas as regras e nem divulgado o preço.
A Carta dos Ventos foi assinada durante o Fórum Nacional Eólico, no qual também foi acertados a realização anual de leilões de energia eólica e a analise da adoção de um marco regulatório para o setor. “Neste momento, estamos defendendo que a energia eólica seja um páreo próprio. Ou seja, que ela não dispute com ninguém, fazendo um leilão só de energia eólica. Mas daqui há algum tempo, ela terá de disputar com outros fontes. Esse é o marco regulatório”, afirmou à Agência Brasil o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro, Julio Bueno.
Estão no Rio os dois mais recentes empreendimentos eólicos no Brasil, com previsão de entrarem em funcionamento em 2010. O total de investimentos ultrapassa os R$ 400 milhões e juntos os dois projetos serão capazes de gerar 168MW.
(Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 01/07/2009)