Na última semana, um grupo de pesquisadores europeus divulgou o primeiro mapa completo das emissões globais de amônia, a partir de imagens de satélite. As medições e a análise das imagens revelaram que muitos inventários ao redor do mundo estão subestimados e que há regiões importantes cuja concentração do poluente não está nem sendo medida, como a Ásia Central. Segundo o documento, os inventários dos vales agrícolas do Hemisfério Norte, em particular a região de São Joaquim, na Califórnia, e os vales do Pó e Ebre, na Itália, mostram valores muito abaixo do real.
A amônia (NH3) é particularmente emitida nos processos de produção de fertilizantes, avicultura e pecuária, mas outra fonte importante de emissão é a veicular. Apesar de o estudo europeu indicar que América do Norte e Europa estão subestimando seus inventários, pelo menos eles mostram que os países dessas regiões estão preocupados com o assunto, em todos os níveis.
No Brasil, o tema parece estar longe de entrar na pauta de discussões, pelo menos no que diz respeito à emissão veicular. Atualmente, o país discute a implementação do diesel mais limpo. A meta é que, em 2012, esteja rodando o combustível com 10 partes por milhão (ppm) de enxofre. Para que o novo diesel funcione corretamente, é preciso abastecer os veículos também com uréia. O problema é que, quando os equipamentos de controle de emissão (catalisadores/filtros) não estão em bom funcionamento, a uréia produz amônia. O poluente não é regulado no país.
Segundo a pesquisadora do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Kamyla Cunha, a questão não foi mencionada em 2002, época da Resolução - 315 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabeleceu os novos limites para o diesel, nem em 2009, quando os novos prazos foram estabelecidos. “Veja como a pressão sobre o diesel foi rasa. Todo mundo pressionando para que se reduzisse o teor de enxofre do diesel, sem uma avaliação mais aprofundada do que isso exigiria em termos de outras providências ambientais”, diz. O IEMA é ligado à Fundação Hewlett, entidade americana que patrocina estudos sobre qualidade do ar no Brasil.
(O Eco, 29/06/2009)