O desmatamento favorece a ocorrência do principal transmissor de malária na Amazônia, o mosquito Anopheles darlingi, aponta estudo publicado na edição de julho do “American Journal of Tropical Medicine and Hygiene”.
Cientistas analisaram larvas coletadas na água ao longo de 112 quilômetros da rodovia que liga Iquitos a Nauta, na Amazônia peruana. Os pesquisadores verificaram que esta espécie de mosquitos estava presente em 10,3% dos 844 pontos em que foi feita coleta de larvas. Com imagens de satélite e observações em campo, eles concluíram que nos lugares onde o A. darlingi está presente, a cobertura florestal média é de 24,1%, comparado com 41% para os lugares sem a presença do inseto.
Intrigado com o rápido aumento dos casos de malária na Amazônia peruana nos anos 90, o grupo resolveu estudar a doença na região – em 1997 cerca de um terço da população local havia tido a doença. Em 2006, um estudo já havia documentado a maior incidência de Anopheles darlingi adulto em áreas desmatadas da floresta. Não está claro ainda qual é o mecanismo ecológico que causa esta variação na ocorrência do inseto.
William Pan, professor da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, um dos autores do estudo, está fazendo uma pesquisa adicional com a população humana da região. Um terço das pessoas que ele está estudando tiveram malária no último ano e, de acordo com Pan, a maioria delas vive em áreas desmatadas recentemente.
O Anopheles darlingi é o principal vetor de disseminação da malária também na Amazônia brasileira. Segundo a Organização Mundial da Saúde, uma criança morre pela doença a cada 30 segundos no mundo. Em 2006, de acordo com a OMS, a malária matou cerca de um milhão de pessoas, principalmente na África.
(Globo Amazônia / AmbienteBrasil, 01/07/2009)