Estudo sustenta que vírus estava extinto, mas foi reintroduzido acidentalmente por cientistas e causou pandemia em 1977. No Brasil, mais uma cidade gaúcha decretou estado de emergência após registrar três casos suspeitos de contaminação pela doença
Um estudo publicado pelo "The New England Journal of Medicine" e pelo jornal inglês "The Independent" aponta que a pandemia de gripe suína pode ter resultado de um "acidente" de pesquisa em algum laboratório no final dos anos 1970. Pesquisadores acreditam que o vírus, extinto entre os humanos, foi reintroduzido acidentalmente por cientistas e causou a pandemia em 1977, iniciada na Rússia e na China.
Shanta Zimmer e Donald Burke, da Universidade de Pittsburgh (EUA), disseram que a gripe suína desapareceu entre os humanos depois que houve uma pandemia de outra linhagem do vírus em 1957. Depois, o H1N1 não foi detectado até janeiro de 1976, quando ocorreu um novo surto.O alarme desse surto levou cientistas de todo o mundo a voltar a estudar o vírus, com amostras congeladas e armazenadas desde os anos 1950.
"Eu imagino que a maioria dos laboratórios possuía a linhagem dos anos 1950. Mas não podemos dizer qual deles deixou que ele acidentalmente escapasse", disse Zimmer. Depois da pandemia de 1977, a gripe suína reapareceu anualmente, mas só agora acabou se tornando nova pandemia.
Casos no Brasil
O Ministério da Saúde corrigiu nesta segunda (29/06) o número de casos. Segundo a pasta, o vírus atingiu 625 pessoas, e não 627, como divulgado anteontem. Ontem, não houve nenhum novo caso. No domingo, o ministério acrescentou o Reino Unido à lista de países que devem ser evitados por crianças, idosos ou pessoas com saúde debilitada.
No Rio Grande do Sul, a Prefeitura de Itaqui (na fronteira com a Argentina) decretou emergência após o surgimento de três casos suspeitos em uma família. A cidade, com 36 mil habitantes, é a segunda do Estado a decretar emergência -a primeira foi São Gabriel. As aulas em Itaqui estão suspensas. A decisão foi criticada pelo ministro José Gomes Temporão (Saúde). "Isso cria pânico", disse à Rádio Gaúcha.
Na Dinamarca, o governo confirmou ontem o registro do primeiro caso de gripe suína resistente ao antiviral Tamiflu (princípio ativo oseltamivir). O paciente foi tratado com outro antiviral (do princípio ativo zanamivir) e se recuperou. O Tamiflu é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) um tratamento eficaz contra a forma atual da gripe. Segundo o infectologista Celso Granato, com o uso disseminado do remédio, era esperado que surgisse algum caso de resistência. "Com muita gente tomando o medicamento, ele se torna mais resistente."
(Folha de S. Paulo, 30/06/2009)