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cana-de-açúcar etanol biocombustíveis
2009-06-30

Há exatos dez anos, as usinas do setor sucroalcooleiro do Brasil registraram a maior quebra da safra de cana de sua história. Pulverizado, com gestão predominantemente familiar, o setor era um dos únicos do país com 100% de capital nacional. Dez anos depois, a realidade é outra. Os grupos estrangeiros já representam 12,3% da moagem de cana do país e essa fatia só tende a crescer.

Com mais de 400 usinas no país, o perfil dos grupos econômicos do setor mudou muito na última década. O ranking dos dez maiores da safra 2008/09 não é o mesmo de 1999/00, quando nenhuma companhia estrangeira sequer fazia parte dessa lista. Em 2008/09, que se encerrou em março, os grupos franceses Tereos, controlador da Açúcar Guarani, e Louis Dreyfus, ocupavam posição de destaque. Neste ciclo 2009/10, a Dreyfus assumirá a vice-liderança, se concluir a negociação com a Santelisa, ficando atrás somente da Cosan, líder absoluta.

A Louis Dreyfus foi a primeira companhia a chegar ao Brasil, com a aquisição da usina Cresciumal, em Leme (SP), em 2000. No ano seguinte, foi a vez da Béghin-Say (incorporada pela Tereos). O próprio grupo Cosan, cujo empresário Rubens Ometto, presidente da companhia, detém o controle, tem investidores estrangeiros como acionistas. Sozinha, a Cosan processa mais cana que todos os produtores do Paquistão juntos, o quinto maior produtor mundial de cana, observa Guilherme Nastari, diretor da consultoria Datagro.

Nos últimos quatro anos, com o boom do etanol no mercado internacional, o Brasil tornou-se alvo de investidores estrangeiros na área. Multinacionais como Cargill, Bunge, ADM, tradings, entre elas as japonesas Sojitz, Mitsui e Itochu, fundos de investimentos internacionais compraram participações em usinas. Levantamento da Datagro mostra que a fatia dos estrangeiros na moagem de cana no país saltou de 11,9% em 2007/08 para 12,3% em 2009/10. Há cinco anos, não representava 5% do total de cana processada no país.

"Apesar da maior participação de grupos estrangeiros no setor sucroalcooleiro, a fatia de grupos nacionais continua significativa, com os recentes investimentos de tradicionais empresários em novas usinas", afirma uma fonte. De fato, a participação de grupos nacionais ainda é forte no segmento. Contudo, a desnacionalização tem ganhado força à medida que o crédito farto às usinas foi cortado e as grandes matrizes das multinacionais são as poucas opções de aporte, sem depender de linhas de financiamento. O grupo paulista Moema, que negocia uma fatia significante ou mesmo o controle da companhia, está na mira de multinacionais. Na safra 2008/09, a Moema ocupava a quinta posição no ranking das maiores.

O grupo Cosan que na última safra controlava 18 usinas produtoras passou a deter 21 unidades produtoras com a aquisição da Nova América, com uma moagem de 57 milhões de toneladas nesta safra. Com a Nova América, o grupo se distanciou do vice-líder do setor - a Santelisa, que está em processo de incorporação pela Louis Dreyfus. Se concretizada a operação, prevista para julho, a Dreyfus saltará da oitava posição no ranking para o segundo lugar.

O sobe-e-desce no ranking do setor ficou mais intenso nos últimos anos, sobretudo com a chegada de novos players no mercado. Grupos que estavam no topo da lista há dez anos, como Santa Terezinha, do Paraná, os paulistas Lincoln Junqueira, e Zillo Lorenzetti, caíram algumas posições, cedendo espaço para estrangeiros, como o Tereos, que nos últimos anos fez aquisições e também construiu novas unidades produtoras.

Levantamento realizado pela Unica (União da Indústria Canavieira de São Paulo) mostra que os 30 maiores grupos econômicos do setor controlam 91 usinas, processam 46,7% da produção de açúcar do Centro-Sul e 54% da oferta de álcool em 2008/09. "A filosofia do Rubens [Ometto, presidente da Cosan] sempre foi de crescer. Começamos com uma usina na década de 80. Nossa preocupação agora não é mais em aumentar as unidades produtoras, mas sim a nossa rentabilidade", diz Pedro Mizutani, vice-presidente geral da Cosan.

Segundo analistas ouvidos pelo Valor, grupos como a Bunge, ADM e Cargill poderão elevar sua participação no mercado brasileiro. Fundos internacionais poderão elevar seus investimentos quando o período de recessão global passar. A Bunge, por exemplo, fez sua estreia no setor em 2006, com a compra de uma usina em Minas Gerais. Depois, adquiriu mais uma unidade em Mato Grosso do Sul e construirá sua terceira planta em Tocantins. A multinacional tem como parceira a trading japonesa Itochu.

Com a crise financeira que atingiu boa parte das usinas do país, a tendência é que as unidades menos produtivas sejam incorporadas pelas maiores. No país, há 63 unidades que processam menos de 1 milhão de toneladas de cana. Esse volume é considerado baixo para o setor. Uma unidade de "greenfield" (construção a partir do zero) tem sua primeira moagem em torno de 1 milhão de toneladas e depois triplica esse volume. Essas 63 unidades representam, juntas, 6% do total da cana processada na região Centro-Sul, de acordo com levantamento da Unica.

Como os ativos das usinas ficaram mais baratos por conta da turbulência financeira, a expectativa é de que os grupos de grande e médio portes priorizem as aquisições e abram mão dos projetos "greenfield". A estimativa é de que 23 novas usinas entrem em operação nesta nova safra.

(Por Mônica Scaramuzzo, Valor Econômico, 30/06/2009)


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