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mortandade de abelhas apicultura
2009-06-30

As abelhas estão desaparecendo. Nos últimos anos, um pouco por todo o mundo, milhões de colmeias têm sido dizimadas. O cenário é apocalíptico para os insetos, mas também para a humanidade. Como disse Albert Einstein: “Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem terão apenas quatro anos de vida.” Mas por que as abelhas estão desaparecendo? “A causa ainda é desconhecida, o que os investigadores sabem é que há vários fatores que podem ter causado esta situação”, explica o professor universitário e especialista nesta matéria Miguel Vilas Boas.

Apesar de as abelhas terem um inimigo sem rosto, há uma doença que os especialistas acreditaram ser responsável por várias mortes: a varroose. Considerada a “Aids das abelhas”, este vírus é provocado por um ácaro – a varroa – que “enfraquece as abelhas e torna-as suscetíveis a outras doenças”.

Só no ano passado desapareceram nove mil milhões de abelhas na Espanha. Para combater este voo para a extinção, uma equipe de universitários de Córdoba decidiu criar aquilo a que chamaram “superabelhas”. Neste processo as rainhas são inseminadas e as abelhas nascem fortificadas, resistentes a ácaros.

Em Portugal a população de abelhas também tem diminuído, mas Vilas Boas acredita que “não houve nenhum surto mortífero como nos outros países”. Este fato é confirmado por João Casaca, da Federação Nacional de Apicultores (FNAP). “Em todo o País, ficou conhecida apenas uma situação de um apicultor que viu as suas colmeias completamente dizimadas.” Mas a varroose também preocupa os apicultores nacionais. Tendo em conta o boletim do Ministério da Agricultura, só entre 2004 e 2007 houve uma quebra de 3,5 mil milhões de abelhas. O número impressiona, mas é amenizado por especialistas que garantem que o número de apicultores também reduziu significativamente. Ora, “menos apicultores, menos abelhas”.

Ainda assim, a varroose está presente em Portugal. E os apicultores têm noção do perigo, pois é a doença que destrói mais colmeias no País. Aliás, consciente desta situação, o Ministério da Agricultura chegou a distribuir gratuitamente produtos para travar o flagelo. Agora, já não são doados, mas continuam disponíveis. É talvez por isso, que o combate à varroose em Portugal se centre num único método. “O uso de acaricidas”, esclarece João Casaca, que garante que por aqui não se criam “superabelhas” como na Espanha. A ação também não está prevista para um futuro próximo. Isto porque, como explica Vilas Boas “ninguém está a utilizando a inseminação, o único programa que existe é de seleção das rainhas. Nada mais.”

Em Portugal, os números também não são tão catastróficos. “É um processo que tem custos, mas está controlado”, explica Vilas Boas. Além disso, o País tem a “bênção” de ter uma das poucas regiões do mundo onde a varroose não existe, como é o caso de algumas ilhas dos Açores.

Apocalipse a preto e amarelo
O perigo de extinção das abelhas é real. Nos EUA, a segunda potência da apicultura, depois da China, mais de 60% das populações de abelhas desapareceram em 24 estados. A crise é tal que o Congresso teve de aprovar um plano de emergência, como faz em tempo de guerra ou de crise econômica. Aliás, sob o pretexto econômico, a secretária da Agricultura norte-americana lembrou que “sem abelhas, deixaria de existir Coca-Cola”. Como quem diz: senhores do capital mexam-se, que a coisa é séria.

Os números na Europa não são mais animadores. Segundo o diário espanhol El Mundo, na Itália, Bélgica e Alemanha metade das abelhas desapareceram. A varroose não será o único problema e Vilas Boas acredita que “quando descobrirem a causa real, ela vai variar de país para país”. João Casaca lembra algumas das potenciais causas em diferentes países: “Na Alemanha tem a ver com o cultivo de sementes, na França pensa-se que seja a utilização de pesticidas nas culturas e em Espanha será a sobreprodução. Há apicultores a mais.”

Certo é que estes polinizadores continuam a desaparecer. E como seria o mundo sem abelhas?. “Era uma catástrofe”, alerta Miguel Vilas Boas. “Todo o ecossistema seria alterado e Einstein, provavelmente, teria razão. Seria uma crise muito pior que a econômica porque nós [humanidade] ficaríamos sem comida.” É por este cenário que muitos especialistas chegam a evocar o hino do Reino Unido, God Save the Queen. Em português, Deus Salve a Rainha. A rainha das abelhas, entenda-se.

(DN Ciência / ANDA, 29/06/2009)


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