Caminhoneiro gaúcho de 29 anos morre após passar sete dias na Argentina. Segundo o hospital, caso evoluiu para pneumonia viral, uma complicação rara; ministro diz que estratégia contra a doença não muda
O Ministério da Saúde confirmou neste domingo (28/06) a morte da primeira vítima da gripe A (H1N1) -a gripe suína. Segundo o Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo (RS), se trata do caminhoneiro Vanderlei Vial, 29, que esteve na Argentina a trabalho durante sete dias. O caminhoneiro começou a apresentar os sintomas de febre, tosse e dor muscular no último dia 15, ainda no país vizinho. Voltou ao Brasil no dia 19 e foi internado na Fundação Hospitalar Santa Terezinha, de Erechim (RS). No dia seguinte, teve o diagnóstico da doença.
No dia 23, após ser removido para Passo Fundo, ele teve uma piora, apresentando insuficiência respiratória. Segundo o vice-diretor médico do hospital, Julio César Stobbe, a gripe provavelmente evoluiu para uma pneumonia viral, uma complicação incomum, mas que pode ocorrer em doenças virais. "Mesmo devidamente assistido, com os cuidados intensivos que o caso requeria, infelizmente, ele veio a falecer", disse o ministro José Gomes Temporão. "Lamentamos a morte e reafirmamos que estamos lançando mão de todos os esforços para evitar outros óbitos."
Ontem, foram confirmados 36 novos casos, elevando para 627 o total de infectados pela doença no país. Segundo o ministro, a maior parte dos casos é leve e os pacientes já tiveram alta ou estão em recuperação. O ministro voltou a dizer que a transmissão do vírus no país é limitada. Segundo ele, 75% dos casos foram "importados", ou seja, as pessoas foram infectadas fora do país. Os outros casos são de pessoas que tiveram contato direto com os doentes. Para o ministro, a morte registrada no Brasil não muda a estratégia no combate à doença. "Vamos continuar seguindo a mesma linha traçada desde o início do plano de contingência, uma estratégia de contenção, tentando impedir que o vírus se dissemine no país."
A primeira morte por gripe suína do Brasil foi registrada em um dos Estados com maior número de infectados -o Rio Grande do Sul é o quinto em casos, com 40 até ontem, atrás apenas de São Paulo (308), Minas Gerais (69), Rio de Janeiro (66) e Santa Catarina (45). No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde investiga ainda se a morte de um engenheiro americano de 59 anos em Montenegro tem relação com a gripe suína. O homem chegou a trabalho no dia 21 e morreu na última sexta-feira. Apesar da suspeita, exames preliminares mostram que não há evidências de que a causa da morte tenha sido o vírus.
A situação no RS se tornou preocupante com o avanço da doença na Argentina, que já tem 1.587 casos e 26 mortes, uma taxa de letalidade de 1,64% -no mundo, é de 0,46% (320 mortes em 71.320 casos), a mesma da gripe comum.
(Por Eduardo Cucolo, Folha de S. Paulo, 29/06/2009)