Nem mesmo com a aprovação da lei americana sobre energia e clima na Câmara dos Representantes será possível chegar a um acordo forte de redução de emissões de gases de efeito estufa na conferência do clima das Nações Unidas em Copenhague, em dezembro. A opinião é do analista Elliot Diringer, pesquisador do Pew Center on Global Climate Change. No pacto de Copenhague deveriam ser fixadas as metas de redução de gases de efeito estufa para os anos de 2020 e 2050. Mas a lei americana, após passar pelo Congresso, ainda precisa passar pelo Senado para ter a aprovação final.
De acordo com Diringer, a lei "com certeza sofrerá alteração" ali, onde os democratas têm maioria apertada. Não há tempo de concluir o processo até dezembro. "É um tema complexo, que envolve diferentes interesses -indústria, consumidores, fazendeiros." Antes que um acordo global seja feito, é importante a definição interna dos Estados Unidos para evitar o fiasco ocorrido com o Protocolo de Kyoto -que os Estados Unidos o assinaram, porém, depois, não o ratificaram em razão da oposição dos congressistas. Se realmente os EUA não tiverem decidido a questão, existe a possibilidade de ser marcada uma nova reunião das Nações Unidas para 2010.
Bom exemplo
Em relação ao conteúdo da lei, no entanto, Diringer diz estar muito satisfeito. E considera que sua aprovação ajuda a encorajar outros países. Para a secretária brasileira de Mudança Climática, Suzana Khan Ribeiro, o projeto de lei americano está aquém da ambição que deveria ter. "Significa que em 2020 eles vão continuar emitindo tanto CO2 quanto em 1990." Porém, ela afirma que "é um fator muito positivo eles se mexerem". "É um avanço enorme em relação ao ano passado, quando o governo dos EUA dizia que não acreditava em aquecimento global."
(Por Afra Balazina, Folha de S. Paulo, 27/06/2009)