Pontos positivos ficam por conta do incentivo ao turismo de observação de baleias.
Terminou antecipadamente, a reunião da Comissão Internacional Baleeira na Ilha da Madeira, em Portugal. Mais uma vez, o objetivo de modernizar a Comissão para garantir a preservação dos cetáceos não foi atendido. Após um ano de negociações, tudo que a CIB conseguiu foi agendar mais doze meses de conversas, até a próxima reunião em Agadir, Marrocos. Enquanto isso, centenas de baleias continuam sendo mortas pelos países que não aceitam participar da moratória à caça comercial.
A redução dos grupos de trabalho foi uma das medidas tomadas durante a comissão. Os países formaram novos grupos de discussão (com apenas 10 países, ao invés dos 30 que formavam os grupos anteriormente), para aí sim iniciarem seus trabalhos. Uma providência irrisória, face à demanda urgente de modernização da CIB. “Reduzir um grupo não melhora muita coisa. O que precisamos reduzir é a quantidade de baleias mortas. Se desejamos alcançar algum objetivo na reunião do próximo ano, é preciso mudar urgentemente os processos instaurados na CIB”, disse Sara Holden, coordenadora da campanha de baleias do Greenpeace Internacional.
Mas a reunião não foi de todo perdida. Ao contrário do que se temia, não houve qualquer proposta ou acordo para liberar a caça costeira japonesa, usando como moeda de troca a caça científica praticada em águas internacionais. A Comissão decidiu prolongar o processo de negociação dos temas fundamentais que não estão resolvidos, pois não alcançam 75% dos votos, dentre eles a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Também foi aprovada a proposta de criação do Grupo de Trabalho Permanente sobre Turismo de Observação de baleias no Comitê de Conservação, além do desenvolvimento de um Plano Quinquenal para tratar do tema. Essa é uma grande vitória para o Brasil, já que somos um dos países da América Latina que desenvolve esse tipo de turismo - na Praia do Forte e em Abrolhos com as baleias jubartes e no sul, com as francas. Para essa espécie, uma outra boa notícia: foram aprovadas as recomendações do Comitê Científico sobre a importância da pesquisa com baleias francas em Santa Catarina.
A Austrália também promoveu uma parceria de pesquisa para o Oceano Austral, que priorizará e financiará pesquisa de cetáceos no Hemisfério Sul por meios não-letais, contrapondo diretamente a caça “científica” japonesa. O aporte de recursos australianos é da ordem de 850 mil euros e ajudará a elucidar muitos aspectos da biologia, ecologia e em especial da dinâmica populacional dos cetáceos que ainda existem nos mares austrais.
Foi definido também que o novo presidente da Comissão é o chileno Cristian Maquieira, ou seja, um latino, do Grupo de Buenos Aires, pró-conservação – um bom sinal. "Espera-se que o novo presidente da Comissão Internacional Baleeira leve o assunto sério e, a exemplo das ações realizadas em sua região, direcione a CIB a ser uma comissão em defesa da conservação de baleias." afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos no Brasil.
(Greenpeace / Envolverde, 26/06/2009)