O governo gaúcho pretende implementar um plano de orientação e incentivo à cultura da cana-de-açúcar. Algo semelhante ao que foi realizado com o pró-irrigação. A governadora Yeda Crusius espera que o programa possa ser estruturado no prazo de 45 dias e incluído no orçamento do próximo ano.
Uma prova da empolgação da governadora com essa nova oportunidade para a economia do Rio Grande do Sul foi a visita que fez nesta quinta-feira a São Paulo, estado com a maior experiência neste setor no Brasil. Yeda esteve em Campinas para acompanhar a inauguração da planta-piloto da Amyris do Brasil Pesquisa e Desenvolvimento de Biocombustíveis. O complexo, inicialmente, produzirá diesel a partir da cana. Porém, também será possível fabricar, futuramente, outros itens como gasolina e plástico.
Apesar de a cana ter uma grande importância para São Paulo, Yeda foi a única governadora presente ao evento, já que seu colega, José Serra, apesar de convidado, não compareceu. A própria Yeda tratou de explicar, em seu discurso durante a solenidade, seu interesse no acontecimento. "Se alguém indagar o que faz a governadora do Estado do Rio Grande do Sul em Campinas? Primeiro, agradecer a parceria que provou que podemos plantar cana", enfatizou a governadora.
Instituições como a Informática Agropecuária de Campinas e a Unicamp auxiliaram o Rio Grande do Sul a ser incluído no zoneamento da cana que aponta áreas propícias para a plantação. Ao todo, 212 municípios gaúchos foram incluídos no zoneamento agroclimático para a cana-de-açúcar, do Ministério da Agricultura. Outro fato que vincula Yeda ao desenvolvimento de pesquisas inovadoras foi sua participação, como deputada, na Comissão Especial de Biossegurança da Câmara de Deputados. O relator da lei de biossegurança, deputado Darcísio Perondi, também esteve na inauguração da planta da Amyris.
Entre as possíveis utilizações da cana no Rio Grande do Sul, Yeda salienta o aproveitamento do álcool para a geração do plástico verde da Braskem, no Polo Petroquímico de Triunfo. Outro ponto mencionado pela governadora é que ela não descarta a hipótese de que, surgindo um parque produtivo gaúcho de etanol, o ICMS sobre o combustível possa ser reduzido. Essa medida já foi tomada em São Paulo para incentivar a comercialização e reduzir as irregularidades. Yeda argumenta que a diminuição do custo de produção implicaria um volume maior de comercialização do álcool, que compensaria a eventual redução de alíquota.
O CEO da Amyris, John Melo, defende o uso da cana para fabricar produtos renováveis, de maior valor agregado, e que poderão reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa. "Precisamos pensar no caldo de cana como um barril de petróleo", diz Melo. Segundo ele, uma tonelada de cana possui mais energia que um barril de petróleo. A unidade-piloto da Amyris servirá de base para a construção de uma planta industrial que deve absorver um investimento de cerca de US$ 50 milhões. Esse complexo deverá entrar em operação em 2011, com uma capacidade inicial para a produção de cerca de 130 milhões de litros de combustíveis e de produtos químicos renováveis.
(Por Jefferson Klein, Jornal do Comércio, 26/06/2009)