Das 18 pessoas que foram presas no dia 16 de abril pela polícia por ocuparem as eclusas da hidrelétrica de Tucuruí, numa manifestação de protesto, 14 ficaram presas numa penitenciária em Belém durante 19 dias e quatro ainda permaneceram por mais 25 dias, sendo soltas apenas no dia 8, graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Estado. Foi a primeira vez que a polícia recorreu à figura do flagrante para efetuar prisões, que foram mantidas por tempo superior ao padrão, e levadas para cumprir a pena em penitenciária. A combinação desses fatos parece sugerir uma advertência: a tolerância a esse tipo de iniciativa diminuiu, enquanto a repressão se tornou maior.
O episódio precisa ser examinado com atenção e acuidade para uma interpretação correta e consequente das próximas situações e da correlação de forças entre os personagens. Os manifestantes presos sustentaram que foram vítimas de uma punição de natureza política, ilegítima. Radicalizaram uma reação que já é antiga porque suas reivindicações não são atendidas. Se as causas da sua insatisfação forem satisfeitas, não haverá mais problemas nem riscos à integridade de patrimônios de grande valor, como a hidrelétrica e as eclusas.
Está na hora de o Ministério Público promover um encontro entre as partes, chamar especialistas para o acompanharem, e esclarecer o contencioso. Além de colocar em prática suas conclusões.
(Por Lúcio Flávio Pinto, Adital, 25/06/2009)