O diretor executivo de Finanças da Vale, Fábio Barbosa, reafirmou nesta quarta (24/06) que o interesse da empresa nos investimentos em energia é o consumo próprio. Sozinha, a mineradora brasileira absorve 4,5% de toda a energia elétrica produzida no País. "Nós temos investido sistematicamente em gás para o nosso autoconsumo. É essa nossa visão. Estamos investindo também em usinas hidrelétricas", disse o executivo. O interesse em garantir o fornecimento de energia pode justificar a parceria que a empresa deve anunciar amanhã com a Petrobrás para exploração e desenvolvimento do bloco de petróleo BM-ES-22, no norte da Bacia do Espírito Santo.
Se confirmado o acordo, a Vale passaria a ter em seu portfólio participações minoritárias em 17 concessões nas bacias do Espírito Santo, Pará-Maranhão, Parnaíba e Santos. Mas a primeira investida da mineradora brasileira no segmento de energia foi por meio de investimentos em hidrelétricas. A empresa tem em operação atualmente sete usinas em Minas Gerais: Igarapava, Porto Estrela, Funil, Candonga, Aimorés, Capim Branco I e Capim Branco II. Juntas, essas hidrelétricas têm capacidade para produzir 1.422 megawatts. Além dessas, a Vale vem preparando a entrada em operação da usina de Estreito, no Tocantins, que terá capacidade para 1.087 MW. Também estão programados investimentos nas hidrelétricas Karabbe, na Indonésia, e Barcarena, no Pará.
As investidas da mineradora brasileira no segmento de energia incluem ainda o projeto de carvão em Moatize (em Moçambique, África), e investimentos em biodiesel na Região Norte do Brasil. Atualmente, a companhia gasta US$ 2,5 bilhões em insumos energéticos por ano, dos quais US$ 700 milhões para adquirir 1 bilhão de litros de diesel. Metade desse volume é destinada à Região Norte, num total de 216 locomotivas.
O chefe do Departamento de Análise da Brascan Corretora, Rodrigo Ferraz, não enxerga nos movimentos da Vale em energia um interesse da companhia em ganhar dinheiro nesse segmento. "Ela está olhando muito mais para custo do que receita", afirmou. Segundo ele, a companhia vem sinalizando a intenção de reduzir custos em suas atividades. Com uma produção própria, a Vale diminuiu sua exposição à volatilidade dos preços da energia no País. Hoje, a Vale gasta US$ 2,5 bilhões em insumos energéticos, dos quais US$ 700 milhões para adquirir um bilhão de litros de diesel.
Ontem, detalhou investimentos programados na produção de biodiesel. Até 2022, o consórcio da companhia com a Biopalma da Amazônia para produzir óleo de palma (matéria-prima para o biodiesel) contará com seis polos e seis usinas, com capacidade de 36 megawatts de cogeração de energia nas seis usinas; e produção de cerca de 500 mil toneladas de óleo de palma.
(Por Mônica Ciarelli e Kelly Lima, O Estado de S. Paulo, 25/06/2009)