O Peru vai usar o Exército nas três regiões andinas e amazônicas atualmente conturbadas por protestos de indígenas e grupos locais que bloqueiam estradas. O decreto do presidente Alan García fala em garantir o funcionamento normal de serviços essenciais como fornecimento de água e luz, aeroportos e vias de acesso. A medida terá duração de dez dias. Há três dias as cidades de Andahuaylas, em Apurímac, e Sicuani, em Cusco (a 950 e 1.100 quilômetros a sudeste de Lima, respectivamente), se encontram paralisadas, com estradas bloqueadas, exigindo a atenção do governo às suas demandas regionais.
Os indígenas da região conseguiram na semana passada, depois de dois meses de protestos, que se derrubasse duas leis que, segundo eles, prejudicariam os seus territórios, ricos em recursos naturais. As leis facilitavam a exploração em áreas preservadas de floresta. Cerca de 90% das áreas petroleiras da floresta se sobrepõem a áreas indígenas. No início deste mês, nativos de uma região do norte do Peru reagiram a uma iniciativa da polícia de desocupação de uma rodovia. Ao menos 34 pessoas morreram nos enfrentamentos, 24 policiais 10 manifestantes.
Depois disso, o presidente Alan García voltou atrás e revogou as medidas contestadas pelos indígenas. Porém, focos de insatisfação com o governo García permanecem no centro e no sul andino, com passeatas e atos que reúnem milhares de pessoas. O governo disse que as manifestações são promovidas por setores radicais.
(Valor Econômico, 24/06/2009)