O lixo orgânico produzido em Belo Horizonte poderá ser transformado em combustível para a geração de energia. Essa é a proposta da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana da Câmara da capital, que fez na quinta-feira (18/06) reunião extraordinária para discutir a questão. O debate contemplou ainda o estabelecimento de parcerias para a implantação de usinas que detenham tecnologia para o tratamento térmico dos resíduos sólidos do município. No início do ano, o prefeito Marcio Lacerda já havia mencionado o interesse da administração municipal em adotar a tecnologia na cidade.
A reunião foi convocada pelo vereador Léo Burguês (PSDB) e contou com a participação de representantes da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e de outros órgãos públicos diretamente relacionados com a questão do meio ambiente e da destinação correta do lixo na capital. Dois técnicos da Usina Verde, empresa do Rio de Janeiro especializada em tratamento térmico de resíduos sólidos e sua transformação em energia, explicaram como funciona o processo.
Ao final, foi definida a criação de um grupo de trabalho com a participação de vereadores, técnicos da SLU, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e de outras instituições, com o objetivo de conhecer a tecnologia já disponível no país para diminuir o risco ambiental provocado pelos lixões e aterros irregulares por meio da transformação do lixo orgânico em combustível para a geração de energia. Esse grupo de trabalho vai visitar, em julho, a Usina Verde e depois conhecerá outros projetos já em operação do país. A meta é definir qual é a tecnologia mais adequada a Belo Horizonte. Os participantes também vão buscar empresas para o estabelecimento de parcerias público-privadas que viabilizem a implantação de usinas na capital.
Separação
Uma das exigências para o tratamento térmico e geração de energia a partir de resíduos sólidos é uma detalhada separação e beneficiamento de todo o lixo reciclável (como garrafas pet, papel, vidros e latas) do material orgânico que, originalmente, seria destinado ao aterro, conforme explicaram os técnicos da Usina Verde, que usa essa tecnologia no país desde 2001. O material orgânico e os resíduos combustíveis não recicláveis são postos em um forno, com temperatura média de 950 graus centígrados, dando início a um processo de oxidação dos gases, com uso de decantadores e caldeiras, com o objetivo de produzir vapor que será usado para o acionamento de um turbo-gerador. Uma tonelada de lixo tratado gera aproximadamente 0,6 MW de energia elétrica.
Depois da conclusão do processo, o único resíduo é uma mistura de cálcio, potássio e material inerte, que já está sendo testado, em substituição à areia, na produção de tijolos e outros tipos de pisos. Para cada 150 toneladas de lixo queimadas é possível produzir 1,5 mil tijolos, o suficiente para construir uma casa de 50 metros quadrados. A transformação do lixo em energia é limpa e os gases, sem poluentes, são devolvidos à atmosfera.
Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, a vereadora Neusinha Santos (PT) considera que a implantação de usinas de tratamento térmico do lixo é a melhor alternativa para a cidade. “Trata-se de uma forma não degradante de manejo do lixo, principalmentecom relação à contaminação do solo e à emissão de gases na atmosfera. O que Belo Horizonte deve buscar são alternativas como essa, uma iniciativa indispensável para a busca da sustentabilidade ambiental”.
Contra as enchentes
O prefeito Márcio Lacerda inaugurou na quinta-feira o Boulevard Tirol, na Região do Barreiro, que consiste na requalificação urbanística da avenida Nélio Cerqueira, e entregou as obras de reforma da Praça Deputado José Raimundo, com investimentos de R$ 2,7 milhões. Durante a solenidade, Lacerda assinou a ordem de serviço para as obras contra enchentes nos córregos Olaria e Jatobá, na mesma região.
Os serviços devem ser concluídos em 18 meses e contemplam tratamento de fundo de vale, construção de bacias de retenção de cheias, remoção e reassentamento de famílias, desapropriação de áreas e imóveis e tratamento urbanístico de áreas remanescentes. As intervenções pretendem minimizar os problemas de inundação, principalmente na Avenida Tereza Cristina, além de promover o saneamento básico. Serão beneficiados 25 mil habitantes e o investimento é de R$ 56 milhões, recursos garantidos por meio do PAC da Drenagem.
(Estado de Minas, 19/06/2009)