Após a polêmica sobre o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para frigoríficos que desmatam a Amazônia, o presidente do banco, Luciano Coutinho, disse sexta-feira (19/06) em entrevista à Agência Estado, que o BNDES está tentando fazer "sistemas de rastreabilidade" para acompanhar toda a cadeia dos frigoríficos.
Coutinho afirmou ainda que sua preocupação não é como as grandes empresas do setor, mas com as informais. "Os grandes (frigoríficos) a gente sabe quais são. Podemos influir. O que me preocupa é a enorme quantidade de empreendimentos informais e matadouros clandestinos", disse ele no 38º Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Planejamento, no Rio de Janeiro. Coutinho considera boa a cobrança da sociedade sobre o BNDES em torno da questão ambiental. Contudo, segundo ele, "é um pouco de covardia exigir que o BNDES, com dois mil funcionários no Rio, consiga controlar o que acontece" em todo o território nacional.
Pressão
A organização não governamental Amigos da Terra - Amazônia Brasileira entrou quarta-feira (17) na Justiça em Belém (PA) com uma petição para que BNDES responda como co-responsável na ação que o Ministério Público Federal move contra 20 fazendas, o frigorífico Bertin e outras dez empresas do setor pecuário que atuam no Pará, por desmatamento ilegal da floresta amazônica. Segundo Roberto Smeraldi, diretor da organização, o objetivo da organização é transformar o problema em oportunidade. "O BNDES é sócio e financiador de todos os principais frigoríficos do país. Queremos que ele seja co-responsável pelas ilegalidades cometidas pelas organizações e assine um Termo de Ajustamento de Conduta", explica.
Por meio do Termo de Ajuste de Conduta, O banco se responsabilizaria e seria uma espécie de avalista de uma nova relação dos frigoríficos com seus fornecedores. "Os frigoríficos passariam a dizer de quem compram e as fazendas produtoras seriam certificadas. As propriedades com problemas, que cometeram ilegalidades, poderiam contar com financiamentos do banco para se enquadrar à legislação", afirma o diretor.
(Amazonia.org.br, 19/06/2009)